Médicos consideram que alívio de restrições deve ser progressivo e cauteloso

14 de Fevereiro 2022

Os médicos de saúde pública consideram que Portugal está numa “fase oportuna” para se pensar no alívio das restrições relativas à pandemia, mas defendem que tem de ser “progressivo proporcional e cauteloso”.

“Estamos exatamente numa fase oportuna para pensar no alívio das restrições, porque estamos na parte descendente da onda da Ómicron, com o Rt [índice de transmissibilidade] abaixo de 1 e uma diminuição dos casos”, disse Gustavo Tato Borges.

O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde pública falava à Lusa a propósito da próxima reunião do Infarmed, na quarta-feira, para análise da evolução da situação da Covid-19 em Portugal.

Para Gustavo Tato Borges ainda há uma “elevada transmissão” do vírus SARS-Cov-2, com mais de 5.000 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, quando “o ideal”, de acordo com o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC, sigla em inglês), é de 120 casos por 100 mil habitantes.

“Portanto, o alívio das medidas tem que ser progressivo proporcional e cauteloso”, defendeu.

Na sua perspetiva, o que poderá começar a ser aliviado nesta fase é a obrigatoriedade de apresentar certificados de vacinação para entrar nos diferentes espaços, uma vez que “a grande maioria” da população elegível está vacinada ou recuperada.

Nestas situações, o certificado de vacinação e até mesmo o certificado de teste pode cair.

Mas, segundo o médico de saúde pública, há “três situações fundamentais” em que devem continuar a ser exigidos: no acesso a hospitais, lares e unidades de cuidados continuados na comunidade, bem como no acesso a grandes eventos.

Para Gustavo Tato Borges também pode cair a limitação da lotação máxima dos espaços comerciais, porque já não tem grandes vantagens, assim como deixar de usar máscara em espaços exteriores, porque se está “a começar a entrar no bom tempo, a usar mais o ambiente externo, onde a circulação do ar é favorecida”.

Estas são as “medidas fundamentais” que podem ser alteradas nesta fase.

Defendeu que se deve começar a perspetivar em que nível de incidência vai poder começar a alargar-se o alívio das restrições às restantes medidas utilizadas para proteger a população.

 O primeiro-ministro convocou para quarta-feira uma reunião com peritos para avaliar a situação epidemiológica do país, num momento em que estão a descer o número de infeções e o índice de transmissão da Covid-19.

Na sexta-feira, de acordo com a Direção-Geral da Saúde, o índice de transmissão (Rt) do coronavírus SARS-CoV-2 registou uma descida para 0,88 e a incidência de infeções voltou a baixar, chegando aos 6.099,6 casos por 100 mil habitantes.

LUSA/HN

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