“É necessário considerar a probabilidade de desenvolvimento ou agravamento de problemas de Saúde Psicológica, como: ansiedade, depressão ou Perturbação de Stresse Pós-Traumático”, escreve a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), num documento publicado no seu ‘site’.
No mesmo documento, a ordem lembra que “a saúde psicológica e o bem-estar estavam já abalados por dois anos consecutivos de pandemia covid-19”.
Contactado pela Lusa, Miguel Ricou, presidente do Conselho de Especialidade – Psicologia Clínica e da Saúde da OPP, frisa a necessidade de aumentar as respostas nesta área: “se sabemos que em tempos normais, sem crises nenhumas, havia um défice muito grande de apoios a este nível, é evidente que, havendo problemas que se adivinham que vão trazer mais dificuldades, tem de haver mais respostas”.
“Todos viram o crescimento [da procura] no privado, mas no público não pode haver crescimento porque não há pessoas a trabalhar suficientes”, explicou o responsável, sublinhando: “Estamos a aumentar as injustiças sociais, em que algumas pessoas que têm dinheiro têm apoio e outras que não têm dinheiro não têm apoio e isso tem de nos preocupar”.
“O pior que nos pode acontecer em tempos de crise é ainda contribuirmos para aumentar mais as diferenças entre as pessoas, isso não ajuda ao equilíbrio da sociedade”, insistiu.
No documento divulgado no seu ‘site’, a OPP lembra que a guerra tem impacto psicológico junto daqueles que são vítimas diretas dos conflitos, mas sublinha que o seu alcance “é mais abrangente e significativo nas pessoas em situação de maior vulnerabilidade”.
Como medidas prioritárias a OPP defende, além do reforço das respostas nos serviços de psicologia e do acesso a elas, a criação de respostas de apoio/aconselhamento psicológico específicas direcionadas às necessidades da população das regiões mais afetadas, “quer vivam em Portugal ou tenham familiares e/ou amigos na zona de conflito”.
O mesmo tipo de respostas específicas é defendido para as portuguesas e os portugueses a viver na Ucrânia e que estejam a regressar a Portugal.
Outra das medidas prioritárias para a Ordem é a articulação de respostas complementares às entidades de acolhimento, “responsáveis pela integração, inclusão e apoio à população refugiada”.
A OPP defende igualmente uma maior abrangência das políticas públicas, “nomeadamente nas áreas da saúde e educação, para alcançar um compromisso com a criação e desenvolvimento de respostas integradas, que promovam o bem-estar das pessoas refugiadas, considerando a sua plena inclusão”.
Face a esta situação, a OPP diz que é natural que as pessoas se possam sentir apáticas ou “emocionalmente entorpecidas”, preocupadas, ansiosas, stressadas, assustadas, angustiadas, tristes e com medo, mas também irritadas, zangadas, impotentes, com dificuldade em concentrar-se, tomar decisões ou dormir.
Num outro documento divulgado este mês intitulado “A Guerra afeta-nos a todos” e que pretende ajudar a gerir emoções em situações de crise, a OPP reconhece que a guerra perturba a saúde psicológica e o bem-estar das pessoas de todas as idades.
Lembra que “todos reagimos de forma diferente a acontecimentos perturbadores” e que cada pessoa tem capacidades e formas diferentes de lidar com a situação e com as emoções e sentimentos desagradáveis.
“Algumas pessoas conseguirão mais rapidamente sentir maior controlo das suas emoções, outras demorarão mais tempo. Algumas pessoas conseguirão fazê-lo sozinhas, outras precisarão de ajuda”, explica.
LUSA/HN
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