ONG angolana lamenta “inoperância” da Comissão Nacional de Luta contra a Sida e Endemias

7 de Abril 2022

A Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias (Anaso) lamentou esta quinta-feira a “inoperância” da Comissão Nacional de Luta contra a Sida e Grandes Endemias (CNLSGE), liderada pelo Presidente angolano, admitindo “problemas de liderança política”.

A Anaso, organização não-governamental, em comunicado alusivo ao Dia Mundial da Saúde, que hoje se assinala, afirma que no país “continuamos a ter ainda problemas de liderança política, porque a CNLSGE, liderada pelo Presidente angolano, João Lourenço, deixou de funcionar”.

Segundo a ONG, a Lei sobre o VIH/Sida, que inclui direitos e deveres das pessoas vivendo o VIH em Angola, “não está regulamentada e está a ser reformulada para garantir um ambiente legal no âmbito do combate à pandemia”.

Os dados (sobre as pessoas seropositivas no país) são estimados e não refletem a realidade de situação, as determinantes sociais continuam presentes, como a grande mobilidade da população e o grande índice de pobreza e analfabetismo”.

“Não há um fundo de apoio à luta contra a sida e o país vai sobrevivendo da contribuição de doadores internacionais, que infelizmente também já estão a diminuir, e continuamos com a falta de compromisso e disponibilidade de pessoas chave no sucesso da resposta nacional à epidemia da sida”, refere a Anaso.

Para a organização, o atual contexto “é de crise, apesar de haver hoje um maior envolvimento do Governo e um maior diálogo deste com a sociedade civil e outros atores”.

A Anaso diz que o país “continua a assistir a constantes roturas de antirretrovirais, de testes, lubrificantes, preservativos e outros produtos de saúde devido ao fraco funcionamento da cadeia de distribuição de produtos”.

O sistema de informação de saúde “ainda é débil e o trabalho comunitário não é ainda bem reconhecido e valorizado, quando todos temos consciência que as comunidades fazem a diferença em todo o processo da resposta nacional à epidemia”.

“A saúde é um investimento, não um custo”, salienta a Anaso no comunicado assinado pelo seu presidente António Coelho.

Na mensagem, a Anaso saúda igualmente todos os ativistas sociais pelo “seu contributo para o sucesso da resposta nacional” à epidemia e o 31.º aniversário da Constituição da primeira organização da sociedade civil de combate à sida no país denominada AALSIDA.

LUSA/HN

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