Restauração quer criar “central de compras” para enfrentar “especulação” de preços

13 de Abril 2022

A Associação Nacional de Restaurantes (Pro.Var) está a estudar a criação de uma "espécie de central de compras" para lidar com uma subida de preços "especulativa" e espera um Orçamento retificativo que olhe para o setor.

Depois de ter reunido, na noite de terça-feira, com empresários do setor, no Porto, para debater a questão da subida dos preços resultante da guerra na Ucrânia, o presidente da Pro.Var, Daniel Serra, disse hoje à Lusa que, “neste momento, a maior parte dos custos que inferem nos fatores de produção aumentaram”.

Mencionou a eletricidade e o gás, “carnes, peixe e hortaliças”, alguns “com subidas [percentuais] na ordem dos dois ou três dígitos”, e também “o óleo e farinhas, que são a base da confeção dos produtos” e estão a “preços astronómicos”.

“O óleo passou dos 14 euros por garrafão para 40 euros por garrafão – são subidas enormes”, exemplificou.

Daniel Serra nota que “não há escassez do produto, o que existe é um efeito de açambarcamento” e pede “que o Governo fiscalize e monitorize, na cadeia de valor, o que está a acontecer”.

“Se não há escassez no mercado, estranhamos os valores. Dizemos que há uma especulação”, atirou.

Uma solução para este problema, que a associação está a estudar, é a criação de “uma espécie de central de compras, em produtos que não sejam diferenciadores, para poder beneficiar das vantagens de comprar em grande escala”.

Nessa central cabem também “os contratos energéticos”, adiantou.

A atual inflação, associada à invasão da Ucrânia pela Rússia, segue-se a dois anos de perdas para o setor devido às medidas de controlo da pandemia de Covid-19, que obrigaram a longos períodos de encerramento.

“Neste momento, há empresas da restauração que estão a trabalhar para sobreviver”, afirmou o responsável.

Para o presidente da associação, “este Orçamento [do Estado] não serve o setor”.

O líder da Pro.Var volta a insistir na redução do IVA da restauração, na aplicação de apoios a fundo perdido para o setor e na reestruturação das dívidas que foram contraídas para fazer face à crise pandémica.

“Muitas empresas continuaram a funcionar porque se endividaram, e tomaram decisões de gestão – e digo isto entre aspas – irresponsáveis. O Governo disse: ‘mantenham as empresas abertas, mesmo que estejam a perder mais de 40 ou 50%, mantenham os trabalhadores, que nós cá estaremos para ajudar’. Estamos à espera de que o Governo assuma aquilo que nos transmitiu”, frisou.

Daniel Serra espera que, “em breve – nos próximos dois, três meses – [o Governo] venha a apresentar um [Orçamento] retificativo” que reflita “todos estes impactos”, da pandemia e da guerra, “e, aí sim, possam acomodar esta questão do IVA da restauração, e alguns apoios adicionais, para fazer face às dificuldades”.

LUSA/HN

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