Novo presidente da AHP toma posse e diz “presente” aos desafios que hotelaria enfrenta

22 de Abril 2022

O novo presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) tomou esta sexta-feira posse e disse “presente” aos desafios que o setor enfrenta, instando o Governo a apoiar as empresas, num contexto de subidas dos preços, devido à guerra na Ucrânia.

“O turismo vive um momento de regresso. Sentimos que estamos animados com este regresso, mas sentimos também, em resultado da guerra, uma escalada de preços na nossa cadeia de produção. […] Precisamos de ser ajudados”, afirmou Bernardo Trindade, durante o discurso na cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da AHP para 2022-2024, onde marcaram presença a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho e o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, e vários representantes de entidades e empresas ligadas ao turismo e à hotelaria.

Começando por cumprimentar os órgãos sociais cessantes, em particular o ex-presidente da AHP, Raul Martins, que estava à frente da associação desde 2016, Bernardo Trindade disse ser com “muito gosto” e sentido de “responsabilidade” que assumiu o desafio de conduzir a associação que representa a maior parte dos grandes grupos hoteleiros em Portugal, numa altura de regresso da atividade económica, após dois anos de pandemia que afetaram severamente o setor do turismo.

Ciente dos desafios, que a invasão russa da Ucrânia veio acentuar, o também antigo secretário de Estado do Turismo aproveitou a presença de membros do Governo para apelar para o apoio à capitalização das empresas, depositando grandes expectativas no Banco de Fomento, que, sublinhou, precisa de ser “agilizado”.

Adicionalmente, Bernardo Trindade apelou ainda para que o Governo tome uma decisão em relação ao novo aeroporto para a região de Lisboa, cuja localização se discute há meio século, sublinhando que o país “não se pode dar ao luxo de estar a perder clientes”, porque o atual aeroporto não tem capacidade de resposta à procura.

Em relação à TAP, o administrador do Porto Bay Hotels & Resorts defendeu que representa um “instrumento fundamental” para o turismo em Portugal, embora tenha “de ser corrigido”, apontando que a companhia aérea devia considerar o reforço de presença os aeroportos de Faro e do Porto.

Bernardo Trindade pediu ainda para a resolução das filas de espera nos balcões do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no Aeroporto de Lisboa, que afastam turistas de fora da Europa e são “um péssimo cartão de visita” para o país, à modernização do aeroporto da Madeira, cujos equipamentos para orientar a aproximação dos aviões à pista datam da década de 60, e à simplificação dos processos dos acordos de mobilidade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), essencial para trazer profissionais que queiram trabalhar em Portugal e, assim, fazer face à escassez de mão de obra que se verifica no setor.

No campo do trabalho e emprego, o novo presidente da AHP lembrou que o turismo perdeu nos últimos dois anos cerca de 45 mil trabalhadores registados na Segurança Social.

“Sendo este um fenómeno global, é um tema que temos de debater: porque é que nos tornamos menos apelativos do ponto de vista da força de trabalho?”, questionou o responsável, afastando a tese de que é necessário “pagar melhor” na hotelaria.

Bernardo Trindade assegurou que a AHP está disponível para o debate sobre a Agenda do Trabalho Digno, que tem o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, como representante nas reuniões da Concertação Social.

A AHP está ainda disponível, acrescentou, para rever as carreiras no setor hoteleiro, alargando à Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) o contrato coletivo de trabalho acordado com o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (Sitese).

Para o novo líder da AHP, atualizar as carreiras é estar “completamente alinhados com uma tendência normal, natural e de futuro” e ir ao encontro das “expectativas de milhares de pessoas que optaram” por fazer carreira no setor.

Por seu turno, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, salientou que numa altura de “renascimento” do setor do turismo, é preciso fazer “bem melhor” do que o que foi feito em 2019, considerado o melhor ano do turismo em Portugal, até ao momento.

“E isto é válido para ambas as partes: tutela, Governo num todo, mas também para os seus empresários”, rematou a governante.

LUSA/HN

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