“O turismo vive um momento de regresso. Sentimos que estamos animados com este regresso, mas sentimos também, em resultado da guerra, uma escalada de preços na nossa cadeia de produção. […] Precisamos de ser ajudados”, afirmou Bernardo Trindade, durante o discurso na cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da AHP para 2022-2024, onde marcaram presença a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho e o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, e vários representantes de entidades e empresas ligadas ao turismo e à hotelaria.
Começando por cumprimentar os órgãos sociais cessantes, em particular o ex-presidente da AHP, Raul Martins, que estava à frente da associação desde 2016, Bernardo Trindade disse ser com “muito gosto” e sentido de “responsabilidade” que assumiu o desafio de conduzir a associação que representa a maior parte dos grandes grupos hoteleiros em Portugal, numa altura de regresso da atividade económica, após dois anos de pandemia que afetaram severamente o setor do turismo.
Ciente dos desafios, que a invasão russa da Ucrânia veio acentuar, o também antigo secretário de Estado do Turismo aproveitou a presença de membros do Governo para apelar para o apoio à capitalização das empresas, depositando grandes expectativas no Banco de Fomento, que, sublinhou, precisa de ser “agilizado”.
Adicionalmente, Bernardo Trindade apelou ainda para que o Governo tome uma decisão em relação ao novo aeroporto para a região de Lisboa, cuja localização se discute há meio século, sublinhando que o país “não se pode dar ao luxo de estar a perder clientes”, porque o atual aeroporto não tem capacidade de resposta à procura.
Em relação à TAP, o administrador do Porto Bay Hotels & Resorts defendeu que representa um “instrumento fundamental” para o turismo em Portugal, embora tenha “de ser corrigido”, apontando que a companhia aérea devia considerar o reforço de presença os aeroportos de Faro e do Porto.
Bernardo Trindade pediu ainda para a resolução das filas de espera nos balcões do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no Aeroporto de Lisboa, que afastam turistas de fora da Europa e são “um péssimo cartão de visita” para o país, à modernização do aeroporto da Madeira, cujos equipamentos para orientar a aproximação dos aviões à pista datam da década de 60, e à simplificação dos processos dos acordos de mobilidade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), essencial para trazer profissionais que queiram trabalhar em Portugal e, assim, fazer face à escassez de mão de obra que se verifica no setor.
No campo do trabalho e emprego, o novo presidente da AHP lembrou que o turismo perdeu nos últimos dois anos cerca de 45 mil trabalhadores registados na Segurança Social.
“Sendo este um fenómeno global, é um tema que temos de debater: porque é que nos tornamos menos apelativos do ponto de vista da força de trabalho?”, questionou o responsável, afastando a tese de que é necessário “pagar melhor” na hotelaria.
Bernardo Trindade assegurou que a AHP está disponível para o debate sobre a Agenda do Trabalho Digno, que tem o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, como representante nas reuniões da Concertação Social.
A AHP está ainda disponível, acrescentou, para rever as carreiras no setor hoteleiro, alargando à Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) o contrato coletivo de trabalho acordado com o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (Sitese).
Para o novo líder da AHP, atualizar as carreiras é estar “completamente alinhados com uma tendência normal, natural e de futuro” e ir ao encontro das “expectativas de milhares de pessoas que optaram” por fazer carreira no setor.
Por seu turno, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, salientou que numa altura de “renascimento” do setor do turismo, é preciso fazer “bem melhor” do que o que foi feito em 2019, considerado o melhor ano do turismo em Portugal, até ao momento.
“E isto é válido para ambas as partes: tutela, Governo num todo, mas também para os seus empresários”, rematou a governante.
LUSA/HN
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