Mário Mourão quer que Governo dê exemplo e aumente salários da função pública

24 de Abril 2022

O novo secretário-geral da UGT, Mário Mourão, defendeu hoje que o Governo, enquanto empregador, deve aumentar os salários dos trabalhadores do Estado e prometeu que a valorização salarial será a prioridade da central nos próximos quatro anos.

“O Governo deve assumir, desde logo, a sua responsabilidade, enquanto maior empregador, de uma política de valorização salarial de todos os seus trabalhadores”, disse o sindicalista perante os delegados e convidados do congresso da UGT, na sessão de encerramento da reunião magna que o elegeu.

Para o sindicalista “o retomar da discussão da valorização dos salários e rendimentos continua a ser uma prioridade” que se torna “ainda mais oportuna e premente, tendo presente os recursos disponíveis para serem aplicados nas mudanças estruturais” da economia.

Segundo Mário Mourão, uma das metas em que a UGT se vai empenhar tem a ver com o facto de o Programa do Governo incluir nas previsões macroeconómicas um aumento do salário médio na ordem dos vinte por cento, até ao final da presente legislatura.

“Entretanto, uma vez que o peso dos salários no Produto Interno Bruto português se encontra, mais ou menos, em quarenta e quatro por cento, a UGT irá propor e reivindicar que este número se eleve a quarenta e oito por cento até ao términus do presente quadriénio, fazendo assim com que se possa atingir a média europeia, neste capítulo”, disse.

Mas, segundo Mário Mourão, este combate por mais e melhores salários, designadamente na administração pública e no setor empresarial do Estado, não será travado contra o Governo, mas sim com o Governo, porque é ao Executivo que compete, em exclusivo e em última instância, encontrar os equilíbrios necessários, com os restantes parceiros, para dignificar os trabalhadores.

Mário Mourão reconheceu que o cenário económico, em contexto de guerra, “gera grandes incertezas”, após a crise causada pela pandemia da covid-19.

“É por essas incertezas e pela necessidade e oportunidade de acelerar o caminho da recuperação e de um relançamento da economia mais sólido e mais robusto, mas também mais coeso e inclusivo, que os salários têm um importante papel na dinamização económica e do emprego, considerou.

O novo líder da UGT, salientou que “os trabalhadores, os pensionistas e os aposentados portugueses têm nos últimos meses sido confrontados com uma pressão inflacionista permanente que conduz a perdas significativas do poder de compra, com especial gravidade para os agregados familiares de rendimentos mais baixos”.

“A UGT, no âmbito da Concertação Social, vai exigir uma discussão ainda mais profunda para a adoção de medidas imediatas de apoio não apenas às empresas, mas também a quem sobrevive dos escassos rendimentos do seu trabalho. Vamos pugnar com determinação pelo aumento médio dos salários”, disse.

O sindicalista elogiou “o consecutivo aumento do salário mínimo” dos últimos anos, mas defendeu a necessidade de se “partir para um outro patamar de reivindicação, consubstanciado na discussão e na concretização de um aumento significativo dos salários médios, que já pouco se distinguem do salário mínimo”.

“Isto significa que chegou o momento de conceder maior atenção e também maior dignidade aos trabalhadores que se encontram na faixa considerada como “classe média”. Um país com uma classe média enfraquecida é um país que entra perigosamente na reta descendente a caminho da pobreza”, defendeu.

Segundo Mário Mourão é neste domínio que “a concertação entre o Governo e os parceiros sociais tem de assumir um papel mais ativo e permanente na resposta urgente e na implantação de uma estratégia de desenvolvimento”.

“Temos também de deitar mãos à obra para atingir um outro desígnio no campo da concertação social, tornando-a mais produtiva e ultrapassando o gueto em que se encontra e de onde ressaltam poucos resultados práticos”, considerou.

O sindicalista salientou ainda que “a concertação social não anula, não impede, não invalida a negociação coletiva bilateral, com os sindicatos e empregadores, que terá de se revestir de um papel mais dinâmico e interativo, concedendo papel mais relevante aos instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho”.

LUSA/HN

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