Organização Mundial de Saúde liberta oito milhões de euros para assistir 10,6 milhões no Sahel

29 de Abril 2022

A Organização Mundial de Saúde (OMS) libertou quase oito milhões de euros do seu Fundo de Contingência para Emergências para assistir 10,6 milhões de pessoas que precisam de ajuda de emergência na região do Sahel, foi esta sexta-feira anunciado.

Em comunicado, a agência das Nações Unidas para a saúde diz ter libertado 8,3 milhões de dólares (7,9 milhões de euros), que servirão para fornecer serviços de saúde cruciais às populações dos campos de desalojados e às pessoas afetadas por surtos de doenças em seis países da região.

As agências humanitárias e os governos estimam que 33,2 milhões de pessoas enfrentem os impactos devastadores do conflito armado, insegurança, insegurança alimentar e deslocamentos no Sahel.

No Burkina Faso, cerca de 500 mil pessoas foram forçadas a abandonar os seus lares devido à violência em 2021, no Mali, um quarto dos serviços de saúde ainda estão comprometidos devido ao impacto da pandemia de covid-19, os Camarões enfrentam atualmente um surto de cólera, enquanto o Chade combate um surto de febre amarela.

Com os fundos agora libertados, a OMS pretende melhorar o tratamento da malnutrição no Burkina Faso, reforçar o diagnóstico de cólera nos Camarões, fornecer serviços essenciais a 100 mil pessoas no Chade, colocar psicólogos em todas as regiões do Mali, equipar e formar quatro equipas de resposta a surtos no Níger e restabelecer serviços em dois hospitais do nordeste da Nigéria, que serve 300 mil pessoas.

“O conflito armado e os impactos cada vez mais graves das alterações climáticas estão a exercer dificuldades incalculáveis em milhões de crianças, mulheres, famílias e comunidades inteiras no Sahel. Estamos comprometidos a fornecer assistência de saúde crucial às populações afetadas e ajudar a aliviar as profundas privações que enfrentam”, disse o diretor da Preparação de Emergência e Resposta da OMS África.

Os indicadores de saúde no Sahel estão entre os piores do mundo, sublinha a nota da OMS.

A região tem uma das mais altas taxas de mortalidade materna do mundo, com 856 mortes em cada 100.000 nados vivos devido ao reduzido acesso a cuidados de saúde reprodutiva e materna e aos elevados números de casamento precoce.

Ataques contra civis e infraestruturas, incluindo unidades de saúde e escolas, secas, degradação dos solos e condições meteorológicas imprevisíveis estão a exacerbar as dificuldades por que passam milhões de pessoas no Sahel, sublinha a OMS.

Apesar disso, alerta, só se alcançou metade dos 3,7 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros) necessários para fornecer assistência à região em 2021.

O Sahel é uma vasta região semi-árida de África que separa o deserto do Saara, a norte, da savana tropical, a sul e abrange países como Burkina Faso, Camarões, Chade, Gâmbia, Guiné-Conacri, Mauritânia, Mali, Níger, Nigéria ou Senegal.

A ONU estima que o número de crianças com menos de 5 anos com malnutrição aguda no Sahel atinja este ano 6,3 milhões, quando no ano passado era de 4,9 milhões.

LUSA/HN

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