Desigualdades na vacinação no Brasil, apesar da estabilização pandémica – especialistas

30 de Abril 2022

O número de hospitalizações, mortes e casos de covid-19 continua a diminuir no Brasil, um dos países mais atingidos pela pandemia, mas as autoridades devem estar atentas à desigualdade da vacinação em algumas regiões, alertaram sexta-feira fontes científicas.

Enquanto a percentagem da população com o ciclo completo de imunização (duas doses ou dose única de vacina) se aproxima dos 86% nos estados mais desenvolvidos do Brasil, nos mais pobres, principalmente na Amazónia, é DE apenas 50%, advertiu a Fundação estatal Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de investigação sanitária da América Latina.

Segundo a Fiocruz, estas desigualdades não impediram que todos os indicadores da pandemia continuassem a cair em geral em todo o país, incluindo mortes, infeções e hospitalizações.

O Brasil, o país com o segundo maior número de mortes por coronavírus no mundo e o terceiro maior número de casos depois dos Estados Unidos e da Índia, atingiu 663.225 óbitos devido à covid-19 desde o início da pandemia, segundo dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde do país.

De acordo com as autoridades, o país registou 30.418.920 infeções.

Mas o número médio de mortes por semana, que atingiu 3.124 por dia em 12 de abril de 2021, no pico da segunda vaga da pandemia, tinha caído na quinta-feira para 103, um dos seus níveis mais baixos desde abril de 2020.

Tais melhorias levaram o Ministério da Saúde na semana passada a revogar o decreto de fevereiro de 2020 que declara o estado de emergência sanitária devido à pandemia, que serviu de base para todas as medidas de distanciamento social impostas desde então.

A Fiocruz salientou a redução dos indicadores, que atribuiu diretamente à campanha de vacinação, mas alertou para a necessidade de manter algumas medidas de distanciamento em estados onde os níveis de imunização ainda são baixos.

A organização recomendou “a combinação de medidas preventivas em regiões com menor cobertura vacinal, tais como a utilização de máscaras em ambientes fechados e a exigência de um certificado de vacinação para acesso a edifícios estatais, transportes públicos e locais de trabalho”.

De acordo com a Fiocruz, no Brasil, em geral, 83% da população já recebeu a primeira dose da vacina, 76,8% receberam o curso completo de imunização e 40,4% receberam a primeira dose de reforço.

Mas estas percentagens variam entre estados e municípios e refletem as desigualdades tradicionais brasileiras.

No estado de São Paulo, o estado mais populoso e industrializado do país, a percentagem da população com a primeira dose é de 90 por cento, os que têm a segunda dose 85,2 por cento e os que têm a terceira dose 50,6 por cento.

Em contraste, nos empobrecidos estados amazónicos do Amapá e de Roraima, a percentagem da população com a primeira dose é de 65%, com a segunda dose de 50% e a terceira dose de 12%.

“É ainda necessário expandir a vacinação com segundas doses e investir em grupos etários menos aderentes à vacina. É também essencial reforçar a importância e a necessidade da terceira dose”, disse Fiocruz no seu boletim.

Os cientistas advertiram também que apesar da queda em todos os indicadores e do fim do estado de emergência, “a pandemia não acabou e os riscos continuam presentes”.

LUSA/HN

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