“Podem e devem continuar a comer fruta portuguesa, que é de muito boa qualidade”, afirmou a governante, depois de questionada pela agência Lusa durante uma visita à Herdade do Esporão, no concelho de Reguengos de Monsaraz, distrito de Évora.
A governanta falava a propósito dos resultados de uma análise à fruta fresca europeia relativa a 2019 que concluiu que as maçãs e peras cultivadas em Portugal estão entre as frutas com maior quantidade de pesticidas perigosos.
Segundo o estudo, da responsabilidade da rede de organizações não-governamentais “PAN Europa”, foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos em 85% das peras e em 58% de todas as maçãs portuguesas testadas.
Nas declarações aos jornalistas na Herdade do Esporão, a ministra da Agricultura considerou que este estudo foi elaborado com dados de “relatórios oficiais que estão disponibilizados”, os quais foram “retirados do contexto”.
“Aquele estudo que saiu não é um estudo científico, não é validado”, frisou, sugerindo aos consumidores que “olhem para os estudos científicos e para os dados que estão disponibilizados nos sítios eletrónicos” das entidades com competência.
Frisando que a Direção-Geral da Alimentação e Veterinária faz “o controlo de qualidade” dos produtos alimentares, Maria do Céu Antunes afirmou que as frutas portuguesas estão “dentro dos parâmetros legais e cumprem a legislação comunitária”.
“Em Portugal não são utilizados pesticidas proibidos. Foram retidos do mercado sempre que a legislação assim o obrigou”, salientou, insistindo que o seu Ministério não tem registo de “qualquer problema com resíduos tóxicos na fruta portuguesa”.
“Antes pelo contrário, os dados que temos é que praticamente 100% das amostras colhidas cumprem os requisitos legais”, acrescentou.
A titular da pasta da Agricultura admitiu que possam existir “vestígios” de pesticidas na fruta portuguesa, mas salientou que quando isso acontecer é “até por contaminações das próprias amostras ou do ar”.
Estes casos, referiu, “estão muito longe de serem um problema de saúde pública, porque estão muito longe dos valores máximos admissíveis” pela legislação.
Maria do Céu Antunes enalteceu ainda o esforço dos agricultores e produtores portugueses “ao longo de décadas” para garantir “a qualidade e quantidade dos alimentos que produzem” e também dos que são importados.
A “Pesticide Action Network” (PAN), fundada em 1982, é uma rede de mais de 600 organizações não-governamentais, instituições e pessoas de mais de 60 países que procura minimizar os efeitos negativos dos pesticidas perigosos e substituí-los por alternativas ecologicamente corretas e socialmente justas.
A “PAN Europa” foi criada em 1987 e reúne 38 organizações de consumidores, de saúde pública e ambientais, entre outras.
Na quarta-feira, o Governo considerou que o estudo da “PAN” apresenta uma “mensagem alarmista”, ao abranger um conjunto limitado de produtos, sem referência aos limites máximos, precisando que, em 2020, 93,6% das amostras nacionais estavam em conformidade.
LUSA/HN
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