FMUP investiga causas dos abortamentos espontâneos recorrentes

3 de Junho 2022

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) está a desenvolver um estudo que visa revelar as causas subjacentes aos abortamentos espontâneos e contribuir para um melhor aconselhamento genético aos casais que sofrem perdas recorrentes de gravidez.

O projeto, intitulado EpiRep – 2021: O papel dos mecanismos (epi)genéticos na maturação do ovócito e na perda de gravidez idiopática – contribuição para a reprodução humana, é financiado em quase 50 mil euros pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, devendo estar concluído em abril de 2023.

O objetivo é avaliar os mecanismos genéticos e epigenéticos subjacentes ao processo biológico de formação das células reprodutoras femininas, os ovócitos (ovogénese), e ao desenvolvimento embrionário e fetal”, explica Sofia Dória, professora da FMUP e investigadora principal do projeto.

“O estudo dos fatores (epi)genéticos que influenciam o desenvolvimento dos ovócitos e função placentária e que, potencialmente, explicam algumas perdas de gravidez idiopáticas permitirá o desenvolvimento de novas abordagens para ajudar a alcançar uma gravidez bem-sucedida”, continua.

Os investigadores pretendem identificar as características essenciais associadas à regulação da transcrição e às interações dos ovócitos humanos com as células não reprodutivas (ou somáticas) circundantes durante a maturação dos ovócitos, realizando a análise do transcriptoma por RNA-Seq (uma técnica que analisa padrões de expressão génica através da sequenciação de nova geração do RNA) nos dois tipos de células”.

Neste projeto, a equipa irá também estudar o transcriptoma em amostras de placenta de perdas de gravidez espontâneas ao longo dos três trimestres de gestação, utilizando RNA-Seq.

Outra das etapas deste estudo consistirá em “agrupar diferentes populações celulares e, deste modo, determinar que tipos de células da placenta estão a contribuir para as possíveis alterações observadas na expressão génica”.

Sabe-se que 10% a 15% das gravidezes conhecidas terminam em abortamento espontâneo. Em cerca de 1% a 5% dos casais, a perda de gravidez é recorrente. Embora existam várias causas e fatores de risco conhecidos, 50% dos casos de abortamentos recorrentes não têm explicação.

FMUP/HN

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