“Naturalmente que não podemos tirar conclusões antecipadamente, mas há uma razão de fundo” para o que aconteceu, disse à agência Lusa o secretário-geral do SIM, apontando “a falta de resposta” destes serviços como “a principal responsável para que isto possa ter acontecido”.
Jorge Roque da Cunha aludia ao caso que foi noticiado pela RTP de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha.
O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste confirmou à RTP, em comunicado, que, na passada quarta-feira a urgência obstétrica do hospital das Caldas da Rainha teve constrangimentos no preenchimento da escala médica, o que determinou o encerramento da urgência ao CODU/INEM, após a definição de circuitos de referenciação de doentes com outros hospitais.
Confirmou também que se verificou “uma ocorrência grave com uma grávida, tendo sido determinada a abertura de um processo de inquérito à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde, no sentido de apurar o sucedido e eventuais responsabilidades”.
O dirigente sindical, que endereçou os pêsames à família e aguarda agora os resultados do inquérito, disse que tem vindo a fazer, há vários meses, “sucessivos alertas” para este problema.
“Ainda ontem [quinta-feira], no nosso ‘site’ oficial, fizemos um apelo pungente ao Ministério da Saúde para os problemas que se sentem em hospitais como São Francisco Xavier, Caldas da Rainha, Barreiro, Setúbal, Almada, Amadora-Sintra, onde as escalas de urgências estão abaixo dos mínimos para os serviços de obstetrícia”, referiu.
Perante esta situação, defendeu, “a atitude consciente” que tem de ocorrer é o encerramento dessas urgências.
“Os médicos se não estiverem no seu local de trabalho com as condições mínimas para garantir que possam salvar vidas, cumprir as suas obrigações, incorrem em penalizações éticas e deontológicas, para além de criminais”, salientou.
Exemplificou como o serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que esteve sem atendimento urgente de ginecologia e obstetrícia durante o dia de quarta-feira e as 08:30 de quinta-feira.
“Naturalmente, quando os problemas ocorrem, dada a dimensão e o volume das pessoas que aí ocorrem, a responsabilidade é dos médicos”, afirmando, vincando que “o Ministério da Saúde não pode ignorar este problema”.
“Nós termos alertado, os próprios médicos emitem escusas de responsabilidade por dificuldades nessas escalas e os conselhos de administração também farão o seu papel. Por isso, é fundamental que se contratem médicos, que se invista no Serviço Nacional de Saúde e que não tente ocultar o problema com propaganda”, apelou.
Para Roque da Cunha, “não é possível” a situação manter-se assim, esperando que haja “um mínimo de consciência” por parte ministra da Saúde e que apresente “soluções em vez de propaganda”.
“Por isso, fazemos o apelo para que apresentem medidas e não adiem por mais tempo essas medidas que são tão necessárias”, disse, frisando que também não é possível pedir mais trabalho aos médicos do Serviço Nacional de Saúde, muitos dos quais já realizaram “200, 300 horas extraordinárias nos primeiros meses do ano”.
LUSA/HN
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