“Na minha carreira, nunca tinha visto tamanha magnitude [de destruição] numa pequena zona, com a cidade a ser varrida [pela água] e a provocar uma acumulação de danos”, disse à agência espanhola Efe Ahmed Zouiten, horas antes de regressar às zonas afetadas pelas inundações que provocaram perto de 4.000 mortos, com vários milhares de pessoas ainda dadas como desaparecidas.

Numa videoconferência a partir de Tripoli, o responsável regional da OMS classificou aquela tragédia como “uma catástrofe de proporções épicas”, que requer uma intervenção psicossocial junto da população afetada.

“Morreram famílias inteiras que viviam numa área que foi varrida completamente” pela água, referiu, salientando que os afetados perderam “vidas e modos de vida”.

Os sobreviventes mostram agora “o transtorno pós-traumático que vem depois deste tipo de crise”, alertou.

Para Ahmed Zouiten, restaurar a funcionalidade do sistema de saúde é outra das prioridades, num momento em que 52% dos centros de cuidados primários não estão operacionais ou parcialmente operacionais, tendo afetado equipamentos médicos e medicamentos.

“Lamento dizer que, segundo os dados de hoje, 101 profissionais de saúde morreram durante esta crise. É um número elevado”, notou.

As equipas de emergência da OMS foram destacadas para as zonas afetadas apenas algumas horas após a tempestade Daniel ter provocado inundações no leste da Líbia.

Derna, uma cidade com mais de 100 mil habitantes, foi particularmente afetada pela tempestade, tendo sofrido também com a rutura das suas barragens.

As inundações destruíram cerca de 25% da cidade de Derna, segundo estimativas das autoridades locais.

Milhares de pessoas, surpreendidas nas suas casas durante a noite, foram arrastadas para o mar Mediterrâneo.

Veículos e toneladas de materiais foram também levados pelas águas, ao longo de vários quilómetros.

NR/HN/Lusa