Estudo revela que febre tifóide resiste mais a antibióticos e expandiu-se

22 de Junho 2022

Um estudo genético das bactérias que provocam a febre tifóide publicado esta terça-feira na revista Lancet Microbe revela que se tornaram mais resistentes a antibióticos e se expandiram nos últimos 30 anos.

Os investigadores liderados por Jason Andrews, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América, conduziram a maior operação de sequenciação genómica da bactéria S- Typhi, analisando mais de 7.500 tipos diferentes, sobretudo provenientes do sul da Ásia.

“A velocidade a que estirpes altamente resistentes de S-Typhi surgiram e se espalharam nos últimos anos é uma verdadeira preocupação e ilustra a necessidade de alargar urgentemente medidas de prevenção, sobretudo nos países em maior risco”, defende o principal autor do artigo.

Todos os anos, 11 milhões de pessoas ficam infetadas e 100 mil acabam por morrer de febre tifóide, com 70% dos casos mundiais a ocorrerem no sul da Ásia mas com impacto na África subsaariana, sudeste da Ásia e Oceânia.

Uma das conclusões do estudo é que estirpes resistentes com origem no sul da Ásia se espalharam para outros países quase 200 vezes desde 1990.

Os antibióticos conseguem tratar as infeções, mas a resistência das bactérias é cada vez maior nos países como os analisados no estudo, que incluem o grupo Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão, bem como amostras isoladas em mais de setenta países desde 1905.

Em todos os 7.658 genomas sequenciados se encontraram genes que aumentam a resistência da bactéria aos antibióticos.

Desde 1990, chegaram a vários países do sul e sudeste da Ásia, África Austral e Oriental e também Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.

Os autores apontam a escassez de amostras de zonas como a África subsaariana e Oceânia, onde a febre tifóide é endémica, como uma das limitações da sua investigação.

A doença, que tem várias fases e se prolonga durante semanas, provoca febres altas, delírio, desidratação, exaustão, perda de peso, e irritação da pele.

Os principais fatores de risco são a falta de acesso a água potável e a saneamento.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Internamento do Hospital de Amarante terá 150 novas camas

O internamento do Hospital de São Gonçalo, em Amarante, vai ter mais 150 camas, alargamento incluído numa obra que deverá começar no próximo ano e custará 14 milhões de euros, descreveu hoje fonte da ULS Tâmega e Sousa.

Combinação de fármacos mostra potencial para melhorar tratamento do cancro colorretal

Estudo pré-clínico liderado pela Universidade de Barcelona descobriu um mecanismo metabólico que explica a resistência das células de cancro colorretal ao fármaco palbociclib. A investigação demonstra que a combinação deste medicamento com a telaglenastat bloqueia essa adaptação das células, resultando num efeito sinérgico que reduz significativamente a proliferação tumoral, abrindo caminho para futuros ensaios clínicos

XIV Congresso da FNAM debate futuro do SNS em momento decisivo

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vai realizar nos dias 15 e 16 de novembro de 2025, em Viana do Castelo, o seu XIV Congresso, sob o tema “Que Futuro Queremos para o SNS?”. Este encontro, que terá lugar no Hotel Axis, surge num contexto de grande incerteza para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e reunirá mais de uma centena de delegados de todo o país.

Motards apoiam prevenção do cancro da próstata no “Novembro Azul”

No âmbito do “Novembro Azul”, mês dedicado à sensibilização para o cancro no homem, o Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC-NRS) organiza a iniciativa “MEN – Motards Embrace November”, um passeio solidário de motociclistas que combina a paixão pelas duas rodas com a promoção da saúde masculina.

Hospital de Vila Real investe 13 milhões na ampliação da urgência

A Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD) anunciou um investimento de 13 milhões de euros para a ampliação do serviço de urgência do Hospital de Vila Real. O valor, financiado a 50% pelo programa Norte 2030, destina-se a melhorar as condições de trabalho dos profissionais e o atendimento aos utentes.

André Gomes (SMZS) “Médicos satisfeitos não precisam de ser prestadores de serviços”

Em entrevista exclusiva ao HealthNews, André Gomes, recém-eleito presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) para o triénio 2025-2028, traça as prioridades do mandato. O foco absoluto é inverter a perda de poder de compra e a degradação das condições de trabalho no SNS. A estratégia passa por pressionar o Ministério da Saúde, já em mediação, para repor direitos como as 35 horas e atualizar salários. Combater a precariedade e travar a fuga de médicos para o privado e internacional são outras batalhas, com a defesa intransigente de um SNS público como bandeira

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights