A maior parte das mortes (12,2 milhões das 19,8) evitou-se nos países de altos e médios rendimentos, uma contundente prova das desigualdades existentes no acesso às vacinas em todo o mundo.
O estudo, indica que se poderiam ter evitado outras 599.300 mortes se tivesse sido cumprido o objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) de vacinar 40% da população de cada país no final de 2021.
Baseado em dados de 185 países, o estudo avalia as mortes evitadas direta e indiretamente pelas vacinas contra a Covid-19.
Os resultados foram publicados na sexta-feira na revista The Lancet Infectious Diseases.
Liderado por investigadores do Imperial College de Londres, o estudo foi financiado pelas organizações Schmidt Futures & Rhodes Trust, a OMS, o Medical Research Council do Reino Unido, a Fundação Bill and Melinda Gates, e a Community Jameel, entre outros.
O trabalho conclui que as vacinas reduziram em mais de metade o número potencial de mortes durante a pandemia no primeiro ano (63 %).
Das quase 20 milhões de mortes que se evitaram, quase 7,5 milhões eram nos países em que chegou a iniciativa COVAX, uma aliança subscrita por 190 países para garantizar o acesso equitativo a estes medicamentos.
Para Oliver Watson, autor principal do estudo e investigador do Imperial College, estes resultados demonstram que as vacinas “salvaram milhões de vidas. Mas poderia ter-se feito mais”.
“Se tivessem sido alcançados os objetivos fixados pela OMS, calculamos que poderiam ter-se salvado aproximadamente uma em cada 5 das vidas que se calcula que se tenham perdido por causa da covid nos países de baixos rendimentos”.
Até agora, vários estudos trataram de estimar o impacto da vacinação na pandemia, mas este é o primeiro que se faz a nível mundial.
Os investigadores usaram dados de mortes por covid notificadas entre 08 de dezembro de 2020 e 08 de dezembro de 2021 e tiveram em conta a subnotificação das mortes nos países com sistemas de vigilância mais débeis (a China não se incluiu devido à numerosa população e às medidas de bloqueio, que adulterariam os resultados).
A equipa descobriu que neste período, a vacinação evitou aproximadamente 19,8 milhões de mortes das 31,4 milhões de mortes potenciais.
A proteção indireta das vacinas evitou 4,3 milhões de mortes. As vacinas ajudaram a reduzir a transmissão do vírus e reduziram a carga nos sistemas de saúde.
Em geral, o número estimado de mortes evitadas foi maior nos países de elevados rendimentos, o que reflete o desenvolvimento mais antecipado e mais amplo das campanhas de vacinação nestas áreas.
Os 83 países incluídos na análise e que recorreram à ajuda da COVAX, evitaram 7,4 milhões de mortes de um potencial de 17,9 milhões (41%).
Calcula-se que o incumprimento do objetivo da COVAX de vacinar 20% da população de cada país tenha provocado 156.900 mortes adicionais (132.700 das quais apenas em África).
LUSA/HN
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