Mais parcerias e planeamento para evitar falta de médicos, defendem hospitais privados

24 de Junho 2022

O presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), Óscar Gaspar, defendeu mais parcerias entre prestadores de cuidados de saúde e mais planeamento, para evitar situações, como as recentes, de faltas de médicos.

Nas últimas semanas várias urgências de obstetrícia de hospitais públicos têm encerrado por períodos diversos devido à falta de especialistas.

Questionado esta quinta-feira pelos jornalistas sobre a disponibilidade dos hospitais privados contribuírem para resolver o problema Óscar Gaspar disse: “O Ministério da Saúde sabe quais são as capacidades que estão instaladas no sistema português, sabe exatamente quantas camas, médicos, em que áreas estamos. O que temos dito é que do nosso lado há disponibilidade, desde logo para o diálogo, para perceber quais são as necessidades do público e também podermos trabalhar em conjunto”.

O responsável falava numa conferência de imprensa, em Lisboa, após o final da III Cimeira Ibérica de Hospitais Privados, na qual participou também o presidente da Associação da Saúde Privada Espanhola (ASPE), Carlos Rus.

De acordo com o presidente da APHP, a Covid-19 agudizou os problemas no setor da saúde, não só em Portugal mas em outros países, sendo que todos os estudos em diversos países sobre a retoma da atividade assistencial alertam “para a necessidade” de haver uma articulação entre prestadores.

“As parcerias são uma parte da solução. Sou dos que acreditam que era importante avançar mais nas parecerias”, disse Óscar Gaspar.

Garantindo que perante um problema agudo, que tenha de ser resolvido de imediato, a hospitalização privada está disponível, o presidente acrescentou: “mas o que é mais relevante é pensar o sistema em termos de planeamento. Sabemos antecipar qual é a evolução típica da atividade em cada uma das áreas e sabemos a capacidade de cada uma das áreas. Mais do que no momento A e B recorrer ao prestador X ou Y o que era mais razoável era ter uma articulação mais estrutural entre as diversas partes do sistema”.

A questão da falta de médicos foi também salientada por Carlos Rus, que disse ser esse um dos grandes problemas na área da saúde em Espanha, onde 95% dos hospitais privados dizem ter problemas de contratação de pessoal de enfermagem, e 58% dos hospitais a admitirem problemas na contratação de especialidades médicas.

E em Portugal, disse Óscar Gaspar, embora se tenha falado mais nas últimas semanas nas lacunas em obstetrícia e ginecologia, faltam médicos também nas especialidades de anestesia, pediatria, psiquiatria ou dermatologia, entre outros.

E a falta de médicos não é uma questão específica do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “nós também temos dificuldades em recrutar médicos, nomeadamente nalgumas especialidades”, disse. E o mesmo se passa em vários outros países europeus, como a França, a Alemanha, a Áustria ou a Itália, segundo o presidente da associação.

Óscar Gaspar disse não saber se o fim das parcerias público-privadas agudizou o problema de falta de médicos mas reafirmou que foi “um erro” o fim dessas parcerias.

E ainda questionado pelos jornalistas disse que os hospitais privados fazem hoje mais 10% dos partos que faziam há dois anos, mas garantiu que nas últimas semanas não houve um acréscimo de procura dos serviços de ginecologia e obstetrícia.

Relativamente a soluções para a falta de médicos, a hospitalização privada está disponível para reforçar a quota na formação dos profissionais de saúde, seja de enfermagem seja de médicos, na formação inicial e especializada, afirmou Óscar Gaspar.

LUSA/HN

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