“Quer funcione ou não, [o confinamento], pode durar mais do que apenas sete dias”, disse o presidente da Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, o ex-deputado Au Kam-San, no momento em que Macau encerrou, até 18 de julho, todas as atividades comerciais não essenciais, fechou casinos e ordenou à esmagadora maioria da população que permanecesse em casa.
“Se o número de casos positivos não diminuir durante o período de sete dias do encerramento parcial, e não forem suficientes, então o Governo tentará por outros sete dias” afirmou Au Kam-San, para acrescentar, logo de seguida: “se o número de casos positivos for efetivamente reduzido, e uma vez que é eficaz, o Governo dirá que se (…) deve continuar”.
No anúncio do confinamento parcial, as autoridades sublinharam que os empregadores ficam legalmente dispensados de pagar salários, com os funcionários a ficarem de licença sem vencimento, ou a gozar férias.
Tal resulta em “perdas financeiras significativas”, até porque, para alguns trabalhadores que param por sete dias sem remuneração, trata-se de “uma questão de sobrevivência”, salientou Au Kam-San.
“Que medidas tomou o Governo para permitir a sua sobrevivência? Qual é o plano do Governo?”, questionou.
Já deputada e vice-presidente da Federação das Associações dos Operários, Lei Cheng I, frisou que, independentemente do tempo de confinamento, há uma resposta governamental que deve ser dada o quanto antes, até porque “ninguém sabe o que vai acontecer depois destes sete dias, ninguém pode calcular com 100% de precisão se a comunidade estará ativa depois destes sete dias”.
A deputada e dirigente associativa expressou uma profunda preocupação com a economia de Macau porque “as empresas estão a enfrentar perdas ou pressões operacionais durante o confinamento parcial. Os trabalhadores são mais diretamente afetados devido ao facto de tirarem legalmente a licença sem vencimento”.
“[Por essa razão] Desejamos que o Governo distribua ajuda para combater a epidemia”, sustentou, salientando que as autoridades “precisam de otimizar as medidas de assistência económica o mais cedo possível”.
“Quanto mais demorar, mais inconvenientes e dificuldades causará para a população, enquanto o seu trabalho estiver interrompido”, explicou Lei Cheng I.
Já o líder da Caritas Macau, Paul Pun, apesar de se manifestar preocupado sobretudo com as pessoas mais vulneráveis, disse concordar com a política local, lembrando também que “os empregadores não têm rendimentos durante este período e são incapazes de pagar salários”.
Por isso, “as pessoas precisam de ser solidárias umas com as outras, e aqueles que podem dar-se ao luxo de o fazer farão o seu melhor”, afirmou, convicto, mas expressando dúvidas de que o confinamento geral se fique por esta semana.
Paul Pun ressalvou que “a medida tem impacto em toda a população”, mas que “alguns grupos com mobilidade reduzida e vulnerabilidade têm de merecer particular preocupação”.
No domingo, teve início uma nova série de quatro rondas de testagem massiva da população para controlar o atual surto de Covid-19, que causou dois mortos e mais de 1.500 infetados.
Com esta nova ronda, o número de testagens massivas vai totalizar dez num só mês.
A população está obrigada também a realizar testes diários antigénio e a carregar a imagem com o resultado para uma plataforma ‘online’. Com algumas exceções, as pessoas não podem sair à rua, a não ser para realizar testes, em caso de emergências de saúde ou supermercados, por exemplo.
No primeiro dia, a Polícia, que anunciou um reforço da fiscalização nas ruas, fez quase um milhar de avisos e identificou pelo menos quatro pessoas que estariam a violar as determinações das autoridades, como a não utilização de máscara, que pode traduzir-se numa pena até dois anos, ou multa até 240 dias.
LUSA/HN
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