Governo diz que investigação sobre excesso de mortalidade sem causa específica requer período longo

14 de Julho 2022

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde atribuiu esta quinta-feira o excesso de mortalidade em 2020 à Covid-19, à gripe e ao calor, mas também a um pico sem causa específica que necessita de uma investigação num período mais longo.

“Perante um excesso de mortalidade não atribuível a uma causa específica, a investigação das razões tem de ser feita em períodos longos, não em períodos pontuais, e deve ser feita entre cinco a 10 anos exatamente para excluir que esse aumento possa ser um fenómeno pontual”, afirmou Lacerda Sales numa audição parlamentar sobre o tema requerida pelo Chega.

Segundo disse, em 2020 a Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou um período de excesso de mortalidade entre 24 de agosto e 20 de setembro não diretamente atribuível ao calor ou à pandemia.

Além deste período em que não foram apuradas as causas, o excesso de mortalidade identificado está associado às ondas pandémicas de Covid-19, à epidemia de gripe e a períodos de calor extremo, referiu Lacerda Sales.

De acordo com secretário de Estado, em 2020, ano em que se registaram 123.720 óbitos em Portugal, os picos de excesso de mortalidade ocorreram entre a primeira e a sexta semana devido à gripe, nas semanas 12 a 17 devido à Covid-19, na semana 22 associado a uma onda de calor, nas semanas 28 a 32 também devido a temperaturas elevadas e nas semanas 40 a 53 devido à pandemia.

Perante os deputados da Comissão de Saúde, Lacerda Sales salientou ainda que as causas que estão associadas a períodos de excesso de mortalidade em Portugal estão “muito bem identificadas”, recordando que 2020 foi o primeiro ano da pandemia, um “período absolutamente excecional” que não deve ser relativizado.

Segundo disse, é necessário ter ainda em conta que a infeção por Covid-19 tem um “efeito nocivo em condições médicas pré-existentes”, nomeadamente, nos casos de doenças cardiovasculares, renais, do sistema circulatório e crónicas.

“Existe um potencial risco de morte por estas doenças que podem ser amplificadas por descompensações em períodos de temperaturas elevadas”, como acontece no verão nos idosos, referiu.

Pedro Frazão, deputado do Chega, salientou que, em 2020, “existiu um excesso bastante significativo de mortalidade”, que se refletiu em mais 14% de mortes em relação à média dos seis anos anteriores, sendo a Covid-19 apenas a quarta causa de morte mais frequente.

“Impera assim uma explicação fundamentada para este aumento de mortes”, defendeu o parlamentar do Chega, que desafiou o Governo a explicar o aumento da mortalidade e a não fazer “anúncios de recuperações futuras, porque quem morreu está irrecuperável”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Prémio Inovação em Saúde: IA na Sustentabilidade

Já estão abertas as candidaturas à 2.ª edição do Prémio “Inovação em Saúde: Todos pela Sustentabilidade”. Com foco na Inteligência Artificial aplicada à saúde, o concurso decorre até 30 de junho e inclui uma novidade: a participação de estudantes do ensino superior.

Torres Novas recebe IV Jornadas de Ortopedia no SNS

O Centro de Responsabilidade Integrado de Ortopedia da ULS Médio Tejo organiza as IV Jornadas dos Centros de Responsabilidade Integrados na área da Ortopedia este sábado, 12 de abril, no Teatro Virgínia, em Torres Novas. O evento reúne especialistas nacionais e internacionais.

SPMS alerta para esquema de phishing em nome do SNS

Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) alertam para um esquema fraudulento envolvendo mensagens SMS em nome do SNS. As falsas comunicações pedem atualização de registo para evitar perda de acesso aos cuidados de saúde, mas visam roubar dados pessoais ou instalar vírus.

Saúde mental prioritária: 1 psicólogo por cada 500 alunos

A nova Lei n.º 54/2025 estabelece um rácio de 1 psicólogo por cada 500 alunos nas escolas públicas e cria uma rede de serviços de psicologia no ensino superior, incluindo uma linha telefónica gratuita. Estas medidas reforçam a saúde mental e o bem-estar educacional em Portugal.

IGAS processa Eurico Castro Alves

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou hoje ter instaurado em novembro de 2024 um processo ao diretor do departamento de cirurgia do Hospital Santo António, no Porto.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights