Cristina Lavareda Baixinho Professora Adjunta ESEL

Cuidado Centrado no Cliente

07/21/2022

O livro “O cuidado centrado no cliente – da apreciação à intervenção de enfermagem”, coordenado pela Professora Eunice Henriques, docente na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa e investigadora no Centro de Investigação, Inovação e Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa (CIDNUR), publicado recentemente, serviu de ponto de partida para alguns questões que lanço como repto para uma reflexão daqueles que leiam esta notícia.

É consensual que os avanços de conhecimento na saúde têm traduções nos indicadores, influenciando as políticas de saúde e a educação dos profissionais, mas será que esta evolução foi acompanhada por uma tomada de decisão clínica que, para além da eficácia e viabilidade da sua intervenção, mantenha ou centre o foco na oportunidade, apropriação e significado para as pessoas, em especial as mais vulneráveis e com condições complexas de saúde e respetiva família e até mesmo comunidade?

Quando se fala incessantemente de qualidade e segurança dos cuidados, será possível conceptualizá-los sem pensar quais as necessidades especificas daquele cidadão, grupo ou comunidade e integrá-las no planeamento de cuidados? Ou, no momento em que somos assolados por uma pandemia, como a atual, causada pelo SARS-CoV-2, serão as medidas dos planos de contingência e mitigação da doença centradas também na pessoa?, (relembro o isolamento e o confinamento dos idosos nas estruturas residenciais para idosos).

Não respondendo às questões que lanço, cuja resposta deixo à consideração de cada um, acresço esta preocupação que a emergência da Prática Baseada na Evidência nos nossos discursos possa ser também um motor para repensar o lugar da pessoa nos cuidados de saúde, na definição de políticas de saúde locais, sensíveis à cultura e à especificidade das comunidades, que são heterogéneas nacionalmente e que possamos discutir em conjunto a concepção, implementação e métodos para organizar e transferir informação que seja compreensível e utilizável na tomada de decisões de todos sobre a saúde individual de cada um de nós.

Cara Professora Eunice Henriques felicito-a pela concretização desta obra e pelo título tão sugestivo que escolheu para a mesma, espero que ela contribua para a formação de profissionais que aliem uma prática baseada na evidência, à escolha e preferências do cidadão, suportando-o ao longo das diferentes transições com impacto na saúde e nos seus projetos individuais de vida.

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