“A epidemia de tuberculose em crianças na África tem ocorrido na sombra e tem sido amplamente ignorada até agora. Esperamos que este apelo galvanize a ação e garanta que nenhuma criança em África morra de uma doença que em muitas partes do mundo pertence agora ao passado”, disse Matshidiso Moeti, diretora da OMS em África.
Além disso, as duas instituições manifestaram a sua preocupação com a enorme proporção – cerca de dois terços, no caso de crianças com menos de 15 anos – de infeções por tuberculose em África que nunca são diagnosticadas.
“A baixa deteção da tuberculose decorre dos desafios na recolha de amostras. (…) Além disso, crianças e jovens adolescentes muitas vezes têm acesso a serviços de saúde em estabelecimentos onde a capacidade de diagnosticar esta doença é muitas vezes limitada”, referem a UA e a OMS num comunicado conjunto.
“Existe uma necessidade urgente de intervenções inovadoras para integrar o diagnóstico da tuberculose em programas de nutrição para identificar rapidamente a doença em crianças”, disse a comissária da UA para a Saúde, Assuntos Humanitários e Desenvolvimento Social, Minata Samate Cessouma.
Apesar de existirem tratamentos para curar a doença, “uma criança morre de tuberculose algures no mundo a cada dois minutos”, lamentou a diretora executiva da organização não-governamental (ONG) Stop TB Partnership, Lucica Ditiu, que aderiu ao apelo da UA e da OMS.
Para combater a tuberculose, estas instituições pediram aos países africanos que aumentassem o financiamento para a prevenção e controlo desta doença, bem como mais recursos técnicos e humanos para acelerar a sua erradicação.
A OMS estima que o continente africano deve gastar pelo menos 1,3 mil milhões de dólares (mesmo valor em euros) anualmente para a prevenção e tratamento da tuberculose.
No entanto, os países africanos gastam apenas 22% dessa verba, enquanto os seus parceiros de cooperação gastam apenas 34%.
Representantes de vários países africanos reúnem-se esta semana em Lomé, capital do Togo, por ocasião de uma nova sessão do Comité Regional Africano da OMS, que este ano realiza a sua 72.ª edição.
Em todo o mundo, a tuberculose é a 13.ª causa de morte e a doença infecciosa mais mortal após a covid-19 (está acima do VIH/sida), segundo a OMS.
É causada por uma bactéria que afeta os pulmões e é transmitida de uma pessoa para outra pelo ar quando uma pessoa com tuberculose pulmonar tosse, espirra ou cospe.
LUSA/HN
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