Câmara de Castelo Branco rejeita hipótese de encerramento da maternidade

12 de Outubro 2022

O presidente da Câmara de Castelo Branco considerou esta quarta-feira “completamente descabida” a possibilidade do encerramento da urgência da maternidade do Hospital Amato Lusitano (HAL) e estranhou que se faça essa proposta sem ouvir os interlocutores locais.

“Em primeiro lugar, acho estranho que um grupo de peritos faça uma proposta, que seja uma proposta nacional e que eventualmente sinalize [a maternidade de] Castelo Branco como possível para fecho, sem falar com o presidente da Câmara Municipal e sem falar com os outros atores locais do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, afirmou à agência Lusa Leopoldo Rodrigues (PS).

Segundo o Expresso ‘online’ de terça-feira, o grupo de peritos encarregue de propor uma solução para as urgências de obstetrícia e blocos de partos nos hospitais do SNS propôs ao Governo o fecho do atendimento SOS em dois hospitais da Grande Lisboa e dois na área geográfica da administração regional de saúde do Centro: as urgências obstétricas de Vila Franca de Xira, Barreiro, Covilhã e Castelo Branco.

“No que diz respeito à Câmara Municipal de Castelo Branco, enquanto presidente, não houve nenhum contacto. Penso que o presidente do Conselho de Administração do HAL também não terá tido, o que estranho, para se avançar para uma proposta dessas sem ouvir aqueles que são os responsáveis pelo território”, salientou.

O autarca socialista considerou “completamente descabida a possibilidade de a maternidade vir a fechar ou as urgências da maternidade de Castelo Branco virem a fechar”.

Leopoldo Rodrigues salientou que durante todo este período de tempo em que várias maternidades no país tiveram que fechar por falta de médicos, a maternidade de Castelo Branco “manteve-se sempre a funcionar”.

“Ainda não houve um dia que tivesse fechado por essa razão [falta de médicos]”, frisou.

Adiantou que Castelo Branco é o segundo concelho do país com maior área territorial e que a maternidade do HAL, onde as grávidas fazem os atendimentos e onde os partos são realizados, serve um conjunto de concelhos vizinhos.

“Depois, estamos também a falar de coesão territorial. Nós não podemos andar aqui todos os dias a promover o interior, a fazer apelos para que as pessoas venham viver para o interior, e depois fechamos serviços que são fundamentais para que isso aconteça”, sustentou.

O presidente da Câmara de Castelo Branco realçou que o seu executivo está a apoiar as famílias com a devolução de 2,5% do IRS, com refeições gratuitas no pré-escolar e 1.º ciclo do ensino básico e nas creches.

“Estamos a fazê-lo com um objetivo muito claro: apoiar as famílias e contribuir para a fixação e atração de novas famílias jovens. Se lhes tiramos este tipo de serviços fundamentais para que os jovens se fixem aqui, estamos a dizer que afinal não vale a pena estar nestes territórios, não vale a pena pensarmos o interior como um local onde se vive bem, onde temos todas as condições para ter uma vida profissional e pessoal de qualidade”, sublinhou.

Leopoldo Rodrigues recusou-se a aceitar que, após tanto esforço, “depois, de um momento para o outro, um conjunto de peritos sem sequer ouvir os interlocutores locais faz uma proposta que ainda tenho algumas dúvidas que seja real”.

“Mas, sendo uma possibilidade, tenho de me pronunciar enquanto presidente, no sentido de mostrar a total surpresa e total discordância. Esta opinião é partilhada por todos os albicastrenses”, concluiu.

A autarca deixou ainda um recado ao Governo: “Sobre os assuntos de saúde no interior, o que esperamos da tutela é um reforço dos meios e não queremos um esvaziamento. Queremos que criem condições para termos mais médicos”.

LUSA/HN

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