Brasil teve mais 19% de mortalidade em 2020

22 de Outubro 2022

O Brasil teve um excesso de 19% nos óbitos em 2020, o primeiro ano da pandemia de Covid-19, segundo uma investigação feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Estácio.

Num comunicado sobre o levantamento, a Fiocruz informou que o “grupo de doenças infecciosas e parasitárias foi o que mais se destacou entre as causas definidas.”

A análise teve como objetivo estimar o excesso de mortalidade no Brasil nesse período, assumindo que foi diferente para cada grupo as causas de morte.

“O excesso de óbitos para esse período no Brasil foi de, aproximadamente, 190 mil e incluiu mortes associadas direta (devido à doença) ou indiretamente (devido ao impacto da pandemia nos sistemas de saúde e na sociedade) à covid-19”, explicou a Fiocruz.

O levantamento destacou que o impacto total da pandemia foi, dessa forma, possivelmente maior do que o indicado pelas mortes relatadas apenas devido ao vírus Sars-CoV-2.

“Algumas causas de morte têm relação com a desassistência provocada pela reorganização da rede assistencial, outras com a mudança nos padrões de interação social na população”, destacou Raphael Guimarães, investigador da Fiocruz.

“Esse diagnóstico é importante porque indica a necessidade de os sistemas locais de saúde serem mais resilientes, para que possam sustentar serviços essenciais de saúde durante crises, incluindo sistemas de informação de saúde mais consistentes”, acrescentou

O estudo destaca ainda um grande excesso de mortalidade por causas mal definidas.

“Isso tem relação direta com a dificuldade na oportunidade de preenchimento das declarações de óbito e é possível que boa parte destas tenha relação direta com a Covid-19”, pontuou Guimarães.

A investigação mostrou, por outro lado, queda no número de mortes provocadas por doenças do aparelho respiratório (10% abaixo do esperado) e causas externas (4% abaixo do esperado). Isso possivelmente ocorreu devido à melhora do rastreamento clínico e ao distanciamento físico no início da pandemia, respetivamente.

Para fazer o cálculo, os investigadores consideraram a análise de tendência linear com o número de mortes entre os anos de 2015 e 2019.

“Para cada grupo de causas e cada unidade da federação, calculamos as razões de mortalidade padronizadas, assim como os intervalos com 95% de confiança”, concluiu Guimarães.

LUSA/HN

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