HealthNews (HN)- A 9ª edição do Beyond MEd está prestes a começar. Qual a importância do evento no contexto atual da saúde e medicina em Portugal?
Maria José Diógenes (MJD)- Este é um congresso que nos parece ser de extrema importância. O nosso objetivo com este encontro é melhorar a forma como realizamos a formação dos alunos que estão a estudar Medicina e dos médicos que continuam em formação. Portanto, o Beyond MEd reune pessoas de vários quadrantes que estão envolvidos na educação médica, promovendo, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre estratégias a melhorar.
HN- O programa inclui um vasto leque de matérias. Quais os que destacaria?
MJD- Talvez uma das nossas mesa redondas titulada: “Durante o Curso de Medicina”, em que iremos discutir aquilo que faz efetivamente um bom médico… Se é apenas ter bons conhecimentos na área científica ou se um bom médico precisa de determinadas skills. É um tema muito importante porque, como sabemos, o bom médico não é aquele que só sabe diagnosticar doenças, mas aquele que, por exemplo, conhece bem a importância da relação médico-doente.
Por outro lado, destacaria uma Keynote Lecture proferida pelo Doutor José Almeida Nunes. É uma figura muito conhecida e que irá explicar como é que o médico, enquanto veículo de conhecimento, deverá ser um bom comunicador.
HN- Ao nível do SNS são constantes as queixas de burnout por parte dos diversos grupos profissionais. Que estratégias devem ser criadas para contrariar este problema?
MJD- Essa é uma pergunta para a qual a resposta não será propriamente fácil. É por isso que vamos ter um workshop titulado “Quando a Bateria acaba: Burnout e Liderança de Equipas”. Será conduzido pelo Prof. Doutor Ricardo Marinho e pelo Prof. Doutor Eduardo Carqueja. Os dois oradores vão falar um pouco sobre essas estratégias para evitar o burnout.
Estamos focados na educação médica e, portanto, também, no burnout dos nossos alunos. É algo que nos preocupa e que queremos melhorar.
HN- Olhando para o panorama atual da saúde, como se explica a adesão anual aos cursos de saúde em que há cada vez mais alunos?
MJD- Acho que a grande maioria dos jovens tem uma convicção muito forte, desde há muitos anos de que é este o caminho que querem seguir. Diria que é um gosto por quererem vestir a camisola. Sabemos que existem algumas condições que podem tornar pouco atrativa a profissão, mas penso que a adesão aos cursos de saúde passam pelo gosto da área da Medicina.
HN- Voltando à comunicação… Existe uma dissonância entre os níveis de literacia e as capacidade de entendimento entre médicos e doentes. Não se entendem entre eles. O que fazer para melhorar a comunicação?
MJD- Lá está. Esta é uma questão que temos de refletir enquanto escola médica. Temos que pensar estratégias para conseguir ajudar os nossos alunos a terem uma linguagem versátil para atingirem todos os doentes. É precisos que o médico consiga adaptar a sua linguagem a todos os perfis de doentes.
HN- O mesmo se passa entre os diversos grupos profissionais. Quais as propostas de resolução?
MJD- Talvez fosse interessante que desde muito cedo, quando o médico, farmacêutico, nutricionista, enfermeiros estão ser formados, estes jovens comunicassem. Era importante que fossem criados momentos de partilha, através de congressos e reuniões. Assim, seria possível estabelecer uma forma de comunicação mais fluída entre eles.
HN- Uma nota final
MJD- Esta 9ª edição do Beyond MEd. É um congresso muito particular que é organizado por jovens estudantes, de Medicina e da Ciência da Nutrição, e por docentes. Isto demonstra uma proximidade entre professores e alunos em função de um trabalho conjunto. É algo pouco visto.
Entrevista de Vaishaly Camões
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