No dia 17 de outubro, o HealthNews assistiu à apresentação de candidatura de Alexandre Valentim Lourenço, diretor do Serviço de Ginecologia do Hospital de Santa Maria e presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, que reuniu os seus apoiantes na biblioteca da OM, em Lisboa.
Antes de discursar, o candidato disse-nos que atravessamos um momento em que “é preciso ter muito conhecimento, muito bom senso e muita experiência no que acontece nos hospitais e no que pode acontecer no futuro”. “Por isso, neste momento, eu verifiquei que teria todas as condições para ser um contributo muito positivo para esta área, porque conheço muito bem a Ordem, conheço bem o sistema de saúde, trabalho todos os dias num hospital e tenho verificado, nos últimos anos, as dificuldades com que todos os serviços se deparam, quer a nível dos cuidados de saúde primários, quer a nível dos hospitais, e visto como alguns dos bons exemplos conseguiram resistir, que foi sempre à custa de uma grande liderança dos clínicos que chefiam esses serviços”, argumentou.
Questionado sobre as matérias mais urgentes, o candidato começou por referir que a organização dos cuidados de saúde cabe ao Governo, e “o Governo está-se a preparar modificando a sua estrutura para o fazer”.
Quanto à OM, “há prioridades muito importantes”. A primeira, “reestruturar internamente a Ordem dos Médicos, para a tornar mais eficiente, mais eficaz, mais próxima dos associados, dos nossos médicos, para, depois, poder intervir de uma melhor maneira”.
“Segundo, existe a capacidade de intervir a nível da formação. Numa fase em que faltam muitos médicos nos hospitais do Estado, sabendo que estamos a formar muitos médicos, em grande quantidade, e que não há médicos para os formar, para mim, a prioridade é assegurar a qualidade da formação”, prosseguiu.
“A qualidade da formação (…) é sempre uma prioridade da Ordem e será sempre uma das minhas principais prioridades”, reforçou.
A terceira prioridade é “fazer com que os médicos recuperam muita da sua liderança clínica” – “a liderança que eles podem exercer nos sítios onde trabalham”. Isto porque, de acordo com o candidato, parte dos problemas dos últimos anos ocorreram porque os médicos foram afastados das decisões mais importantes.
“Estas três grandes prioridades terão um impacto direto na medicina, nos médicos e na saúde em geral, em prol dos portugueses.”
Para Alexandre Valentim Lourenço, a Ordem tem a grande vantagem de ser transversal a toda a classe médica. Ou seja, “vai dos médicos mais novos aos mais velhos, dos internos aos reformados, dos médicos que estão no interior aos que estão no litoral, e é transversal a todas as especialidades médicas”. Nesse sentido, aproximar-se dos médicos e uni-los, “não sendo tarefa fácil”, “é mais facilmente executado pela Ordem do que por qualquer outra instituição”. “Porque a nossa capacidade de congregar ideias e vontades é enorme. Porque somos todos médicos e somos todos eleitos pelos restantes médicos, que se reveem na nossa maneira de ver as coisas e de fazer e, por isso, confiam em nós, e nós confiamos nos médicos, que também farão o seu papel no momento exato”, explicou.
Por último, o HealthNews pediu um comentário ao novo diploma das ordens profissionais. Depois de dizer que conhece muito bem tanto o atual estatuto como as propostas, o candidato apontou duas críticas ao projeto de lei do PS: a interferência na independência dos médicos, “colocando pessoas nomeadas pelo Governo dentro das ordens para as fiscalizar ou para influir na forma como elas atuam”, e o bloqueio da defesa dos destinatários dos serviços.
“Isto significa retirarem à Ordem a defesa dos doentes (…), e isso eu não posso aceitar. Porque a Ordem e a classe médica existem para servir os doentes. Nós conhecemos muitos dos seus problemas e sabemos como os podemos ajudar. Não nos pode ser retirada a nossa primeira atribuição. Das 17, a primeira é a defesa dos interesses dos doentes”, esclareceu.
“Nós só podemos defender a medicina e os médicos em prol dos doentes. Estamos cá para falar em nome deles quando vemos que os seus direitos não estão a ser garantidos e quando temos soluções para melhorar os cuidados de saúde em Portugal”, concluiu.
HN/Rita Antunes
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