Em entrevista à Lusa, José Ramos-Horta, que está de visita a Portugal esta semana, defendeu o reforço da cooperação empresarial bilateral, considerando que Timor-Leste é uma porta de entrada para um mercado de 700 milhões de habitantes.
Cumprindo a tradição dos Presidentes timorenses de fazer em Portugal a primeira visita de Estado à Europa, José Ramos-Horta incluiu na comitiva governantes e representantes económicos de modo a que estes dias não sejam apenas “formalidades, troca de discursos, de amizade entre os povos e entre as instituições”.
“A cooperação bilateral Portugal Timor-Leste tem sido contínua desde a restauração da independência em vários domínios e Portugal tem sido um parceiro importante” na justiça, na educação, na formação, na defesa e na segurança.
Mas, Ramos-Horta quer, em articulação com o governo timorense, “intensificar as relações comerciais e económicas”, aproveitando o momento em que o país está a entrar na ASEAN.
“Porque não instalar em Timor, por exemplo, a indústria farmacêutica, indústria de engenharia médica, equipamento médico e fazer de Timor-Leste um entreposto de produtos portugueses para reexportação?”, questionou, salientando que o país está a apostar no processo de integração regional.
Jacarta e Dili estão a negociar uma “área grande de comércio livre” junto às fronteiras para promover exportações dentro da sub-região, explicou Ramos-Horta, salientando que as empresas portuguesas podem recorrer ao Banco Nacional Ultramarino, da Caixa Geral de Depósitos, “neste processo de apoio a empreendimentos portugueses em Timor-Leste”.
Portugal e Timor-Leste integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), uma estrutura “pluricontinental”, mas falar “da cooperação na área económica [dentro da CPLP] não é realista”, pelo que esses acordos devem ser feitos a nível bilateral.
“Une-nos a língua portuguesa e não só, os valores, a história, os valores culturais, valores e princípios, solidariedade, fraternidade”, disse, sobre a CPLP, mas “cada um está na sua região” e tem relações económicas privilegiadas junto das suas fronteiras.
E acrescentou: “pelas relações de confiança, procuro dar oportunidade aos investidores portugueses”, explicou Ramos-Horta, procurando justificar o foco na atração de investimento.
“Se [os empresários portugueses] não querem pegar, não conhecem a região, têm medo de arriscar, tudo muito bem. Vou falar aos chineses, coreanos e australianos”, avançou.
“Daqui a uns anos, em vez de vermos uma grande empresa farmacêutica portuguesa em Timor-Leste, veremos uma grande empresa farmacêutica chinesa ou coreana”, resumiu Ramos-Horta.
LUSA/HN
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