Prémios Pfizer distinguem investigação sobre doenças de Alzheimer e obesidade

16 de Novembro 2022

Os Prémios Pfizer, considerados as mais antigas distinções para a investigação biomédica em Portugal, foram este ano atribuídos a trabalhos sobre as doenças de Alzheimer e obesidade, anunciou esta quarta-feira a organização.

O imunologista Henrique Veiga-Fernandes (Fundação Champalimaud) e o neurocientista Tiago Gil Oliveira (Escola de Medicina da Universidade do Minho) foram os investigadores premiados, cada um com 30 mil euros.

Os Prémios Pfizer, promovidos pela farmacêutica Pfizer (que financia) em parceria com a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, são atribuídos nas categorias de investigação básica e investigação clínica.

Distinguido na categoria de investigação básica, Henrique Veiga-Fernandes descobriu, juntamente com outros colegas, numa experiência com ratinhos, que o sistema nervoso e o sistema imunitário trabalham em equipa para queimar a gordura em excesso no corpo.

Segundo explicou anteriormente à Lusa o imunologista, tal trabalho em equipa é “determinante para a manutenção de um peso saudável e a redução do risco de desenvolvimento de doenças associadas à obesidade, como o cancro”.

Na experiência feita com os roedores, os investigadores descobriram que os neurónios (células do sistema nervoso) comunicam com um certo tipo de células imunes que existem no tecido adiposo, as células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2), através de outras células, as células mesenquimais.

Tiago Gil Oliveira, premiado na categoria de investigação clínica, disse à Lusa que o trabalho da sua equipa confirmou, através da análise de exames de ressonância magnética feitos ao cérebro de doentes, que a região temporal medial, onde está situado o hipocampo, estrutura importante para a memória e a aprendizagem, “é a região mais afetada” na doença de Alzheimer e na ‘tauopatia primária relacionada com a idade’, ambas formas de demência.

Contudo, apesar de partilharem a mesma região cerebral afetada, as duas doenças distinguem-se pelo grau de atrofia desta região (que é maior na doença de Alzheimer) e pela concentração de proteínas tóxicas (a tauopatia primária relacionada com a idade “apresenta apenas parte da acumulação de proteínas que é típica da doença de Alzheimer”).

Tiago Gil Oliveira espera, no futuro, “conseguir diagnosticar e distinguir com recurso à ressonância magnética cerebral as diferentes doenças neurodegenerativas, como a de Alzheimer, numa fase precoce, de modo a poder encaminhar os doentes para as melhores abordagens terapêuticas e prevenir a progressão para fases da doença mais avançadas”.

Criados em 1956, os Prémios Pfizer distinguem a investigação biomédica básica e clínica feita – total ou parcialmente em Portugal – por cientistas portugueses ou estrangeiros.

Os trabalhos devem ser inéditos (não publicados) ou publicados no ano anterior ou no ano corrente do concurso e são avaliados por um júri designado pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.

LUSA/HN

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