Especialistas debatem adições em conferência europeia em Lisboa

22 de Novembro 2022

Os desafios relacionados com substâncias ilícitas, mas também com o álcool, tabaco, dependência de ecrãs, o jogo e outras adições vão estar em debate na conferência europeia sobre comportamentos aditivos e dependências, que começa na quarta-feira em Lisboa.

Subordinado ao tema “Global Addictions”, a quarta conferência europeia tem este ano um recorde de mais de 1.900 participantes oriundos de 85 países, disse hoje à agência Lusa o copresidente da “Lisbon Addictions 2022”, Manuel Cardoso.

Durante três dias, os principais especialistas internacionais na área dos comportamentos aditivos e dependências vão apresentar estudos e investigações inovadoras para ajudar a compreender e responder aos comportamentos aditivos e dependências de hoje.

“É uma espécie de montra de toda a investigação” que é feita a nível mundial, disse Manuel Cardoso, adiantando que durante os três dias da conferência serão divulgadas mais de 1.000 apresentações que serão distribuídas por cerca de 200 sessões, incluindo plenárias, “big debates”, workshops.

Relativamente ao tema “Global Addictions”, Manuel Cardoso explicou que o objetivo é alargar a discussão da adição a substâncias ilícitas a outros comportamentos aditivos que podem causar dependência como o álcool, o tabaco, o jogo e o jogo a dinheiro.

No seu entender, é importante percorrer “este caminho” de deixar de pensar apenas nas drogas ilícitas como causadoras de dependência, mas também no álcool, como uma substância que causa muito mais problemas do que as próprias drogas pela magnitude e pelos diversos órgãos que afeta e as diversas patologias que causa”, ou no tabaco.

Também há outros comportamentos aditivos sem substância, como a dependência dos ecrãs, das redes sociais, e o jogo, “que tem sido menos posto em cima da mesa” e que “é importante discutir”, defendeu o subdiretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

“As perturbações que causam no indivíduo e na família são preocupantes e têm que ser relevadas”, disse, sublinhando que algumas delas já estão nas definições da Organização Mundial da Saúde (OMS) como patologias, mas há outras que ainda precisam de ser discutidas e de irem evoluindo nesse campo.

As questões da canábis também vão estar em debate na conferência: “Vamos ter várias apresentações, estudos feitos, nomeadamente nos Estados Unidos, sobre a legalização da canábis e as consequências em termos de saúde, por exemplo”.

Entre os temas em discussão vão estar as “Perspetivas globais sobre adições e mercados de drogas”, “Culturas de prevenção”, “Dependência e problemas com álcool”, “Adições e saúde mental”, “Hepatite C, outras doenças infecciosas e danos relacionados com as drogas”, “Comportamentos aditivos” e “Desafios atuais e futuros na política global de drogas”.

“O nosso objetivo, enquanto organizadores é, por um lado, colocar os investigadores a discutir e a conversar sobre o que vão fazendo e, em simultâneo, colocar os profissionais para poderem discutir também com os investigadores o que vão fazendo”, disse Manuel Cardoso.

Por outro lado, os que definem as políticas podem perceber a ligação entre a investigação e a prática e podem decidir com base nos resultados.

A Lisbon Addictions é organizada pelo SICAD, pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, pelo jornal científico Addiction/Society for the Study of Addictions e pela International Society of Addiction Journal Editors.

LUSA/HN

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