ESEL celebra 15 anos, mas carrega uma herança centenária

7 de Dezembro 2022

Há 15 anos, as escolas superiores públicas de enfermagem de Lisboa fundiram-se, surgindo assim a ESEL, que celebrou o seu aniversário esta segunda-feira, no Polo Calouste Gulbenkian, com toda a comunidade escolar.

“A ESEL faz 15 anos porque foi há 15 anos que as quatro escolas superiores públicas de enfermagem de Lisboa se fundiram. Na realidade, a escola tem bastante mais de 100 anos no que diz respeito à sua herança na formação de enfermeiros. Qual é o significado hoje? O significado hoje tem principalmente a ver com aquilo que mudou”, disse ao HealthNews o presidente João Santos.

Depois de uma pandemia que “deixou marcas e criou expectativas, desafios, oportunidades, mas também riscos”, o presidente da ESEL (Escola Superior de Enfermagem de Lisboa) fala do presente com os olhos postos no futuro: “Estamos num momento em que temos que preparar a escola para o futuro, com a presença do digital, mas um futuro em que o aprender a ser enfermeiro passa também pela aprendizagem de comportamentos que não dispensa o ensino presencial, e nós temos que ser capazes de estarmos de novo juntos e de criar programas, formações e cursos que vão ao encontro das expectativas das pessoas que precisam de aprender enfermagem”.

Esse caminho passa pelo uso da tecnologia e de “tudo o que sejam novas ferramentas que potenciem este trabalho”, “sem nunca descurar o rigor e a exigência que têm de estar presentes na formação de enfermeiros, que são fundamentais no sistema de saúde em Portugal e no mundo”, acrescentou.

“Temos que continuar este esforço contínuo, quotidiano, de fazer bem aquilo que temos de fazer, que é formar enfermeiros”, concluiu.

O presidente conversou com o HealthNews no final da cerimónia que a ESEL preparou para celebrar o seu 15.º aniversário, na segunda-feira à tarde, que abriu com discursos de João Santos, Graça Vinagre (presidente do Conselho Técnico-Científico), José Tátá Falé (presidente do Conselho Pedagógico) e Tomás Serra (atual presidente da Associação de Estudantes da ESEL, naquele momento vice-presidente), e encerrou com a intervenção do presidente do Conselho Geral, João Pereira.

“Penso que os objetivos deste momento comemorativo foram cumpridos. Objetivos esses que se encontram alinhados com a própria missão da ESEL, que visa ser um centro de criação, de desenvolvimento, de transmissão e difusão da cultura e da ciência de enfermagem que visa a excelência e a inovação. E foi essa mesma missão e os valores da ESEL que também nos conduziram e inspiraram na construção deste dia, em que procurámos criar um ambiente de conectividade entre toda a comunidade escolar”, disse ao HealthNews a professora Joana Guarda Rodrigues, coordenadora da comissão organizadora.

“Pretendíamos proporcionar uma perspetiva futura, mas não esquecendo ou descurando o presente e o passado, porque são o passado, o presente e o futuro que nos permitem delinear metas, que nos ajudam a identificar oportunidades promotoras da melhoria da qualidade dos cuidados, da formação e do ensino de enfermagem. Foi esta reflexão que procurámos trazer e proporcionar a toda a comunidade escolar, num ambiente de relação e de valorização do ser humano, em que, embora estivesse presente a vertente da inovação e da tecnologia, se pretendia destacar a importância das relações, da conectividade e do ser humano nos cuidados de enfermagem, que é o que nos move e o que nos impele a melhorar, dia após dia, quer o ensino-aprendizagem, quer os cuidados que prestamos”, acrescentou.

O evento “ESEL em transformação digital” começou com um peddy paper digital; juntou Neuza Pedro (professora do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa), Mariana Fortunato (médica interna do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca), Dulce Cachata Gonçalves (enfermeira e chief innovation officer do Hospital de Cascais Dr. José de Almeida) e Paulo Cruchinho (professor adjunto do Departamento de Administração em Enfermagem da ESEL) no debate “Tecnologia e inovação digital: formação, investigação e exercício clínico”; integrou a assinatura do protocolo com a Associação Portuguesa de Enfermeiros, bem como a entrega das Bolsas por Mérito da Caixa Geral de Depósitos e do Prémio CIDNUR de Investigação Clínica; e terminou com a entrega dos prémios do peddy paper, a atuação da Tuna de Enfermagem de Lisboa e, como manda a tradição, o bolo de aniversário e porto de honra.

No evento, foi ainda apresentado o Estúdio ESEL, através de um vídeo e, depois, pela vice-presidente da instituição, Maria Teresa Leal.

“Esta presidência considerou que a construção de um estúdio de gravação era muito importante para contribuir para que todos os docentes possam, nas atividades que vão realizar à distância, ter uma ferramenta diferente, que lhes proporcione condições para inovarem nas suas estratégias. Para as apoiar, foi criado o GaEL (…), que é uma equipa de docentes e não docentes que está disponível para colaborar com todos”, referiu Maria Teresa Leal.

As Bolsas por Mérito da Caixa Geral de Depósitos foram entregues a Adriana Caseiro Valério, Beatriz Maria Revés dos Mártires, Miriam Gonçalves Mendes e Teresa Camacho Monteiro.

Eliana Patrícia Martins de Sousa – que elaborou o artigo “Translation and Validation of the Indicators of Quality Nursing Work Environments in the Portuguese Cultural Context”, juntamente com Chiou-Fen Lin, Filomena Gaspar e Pedro Lucas –, Fátima Maria Relvas Pacheco Calado de Sousa – que escreveu o artigo “Parental stress in the neonatology unit – The influence of hospital stay length and neonatal unit differentiation”, também da autoria de Maria Alice Santos Curado – e Gisela Mosca Teixeira – que contribuiu com o artigo “International Portuguese Nurse Leaders’ Insights for Multicultural Nursing”, em colaboração com Pedro Lucas e Filomena Gaspar – receberam o Prémio CIDNUR de Investigação Clínica, nesta cerimónia apresentada por dois alunos do segundo ano, Margarida Pereira e Miguel Peixe.

HN/Rita Antunes

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