Aliança Gavi aposta na produção de vacinas a partir de África

13 de Dezembro 2022

A aliança Gavi, criada para fornecer vacinas a países de baixo rendimento, quer financiar o desenvolvimento das capacidades de produção em África, partindo das lições apreendidas durante a pandemia de Covid-19.

A Gavi e a Organização Mundial da Saúde – que colaboram na Coligação para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi, no acrónimo em inglês), o sistema Covax de distribuição de vacinas contra a Covid-19 – há muito que lamentam a falta de solidariedade com os países pobres no acesso a estes produtos.

Uma das limitações na distribuição equitativa das vacinas é a falta de diversidade geográfica das capacidades de produção, e neste ponto, África “é o continente que realmente fica de fora”, disse Seth Berkley, diretor executivo da Gavi, numa conferência de imprensa.

A pandemia mostrou a necessidade de se “encarar a resiliência da produção regional de vacinas para que cada região possa pelo menos aspirar a ter a vacina se, como se verificou, houver restrições e limitações às exportações”, acrescentou a diretora-geral da Gavi para Mobilização de Recursos, Parcerias com o Setor Privado e Financiamento Inovador, Marie-Ange Saraka-Yao.

A Covax, criada ainda antes do aparecimento das vacinas contra a Covid-19, foi vítima, entre outras coisas, da estratégia dos países ricos que monopolizaram o maior número possível de doses, e ainda de uma longa proibição das exportações da Índia, onde estava a sua principal fonte de abastecimento.

É por isso que o conselho de administração da Gavi acaba de aprovar um plano para incentivar a produção regional de vacinas, principalmente em África, e planeia criar um instrumento financeiro – uma garantia de mercado – para apoiar a produção no continente africano.

“O objetivo é, na verdade, ajudar a produção regional a chegar a um certo patamar para imunização generalizada, não apenas para pandemias, pelo contrário, porque um sistema regional não vai conseguir ser eficiente e rentável se não cobrir a imunização de rotina”, disse à AFP Saraka-Yao.

“Devemos primeiro aumentar as capacidades para a imunização de rotina, porque precisamos de produtores para a febre-amarela, para a malária, para a cólera… Todos estes são antigénios para os quais não temos produtores suficientes, por exemplo”, acrescentou.

O objetivo é poder aumentar rapidamente essas capacidades de produção no caso de ocorrer uma nova pandemia, nomeadamente facilitando as transferências de tecnologia.

LUSA/HN

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