“Por aquilo que vamos sabendo, do que se vai tornando público, perante este cenário de gravidade no SNS, o Governo parece estar a preparar-se para anunciar um enorme tapa buracos e nós sabemos que esses tapa buracos, nomeadamente de encerramentos faseados, intermitentes de urgências, começam como tapa buracos e acabam como encerramentos definitivos”, afirmou, em declarações aos jornalistas no parlamento, o dirigente do BE Moisés Ferreira.
Para o bloquista, o Governo e o ministro da Saúde deviam esclarecer o porquê de pretenderem “fazer encerramentos, sejam eles faseados, intermitentes, temporários ou definitivos”.
“Procuram encerrar estes serviços porque faltam profissionais. É essa a verdadeira razão. Se faltam profissionais e se esse é o verdadeiro problema, a solução não passará por contratar profissionais em vez de encerrar os serviços do SNS”, questionou.
Criticando o silêncio do Governo sobre esta matéria, Moisés Ferreira deixou claro que o “Bloco de Esquerda não podia discordar mais tanto do encerramento definitivo como de soluções que não passam de meros tapa buracos para problemas que são bem mais estruturais e bem mais persistentes”.
“Continua em cima da mesa uma proposta feita por uma comissão nomeada pelo Governo de encerramento de várias maternidades e de vários serviços de urgência neste país. O atual ministro da Saúde ainda não desmentiu essa proposta, ainda não colocou isso de parte, ainda não descansou os utentes”, apontou.
Para o antigo deputado do BE “era importante que o ministro e o Governo anunciassem” quais as suas “reais intenções sobre ainda não terem posto de parte esta possibilidade de encerramento de vários serviços do SNS”.
Ontem, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse não querer adiantar mais pormenores sobre o plano, remetendo para esta quinta-feira uma explicação mais aprofundada a ser dada pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, mas assegurou que o objetivo é, em alguns casos, agregar serviços de forma a garantir que as pessoas saibam onde procurar cuidados.
O PSD já tinha acusado o Governo de “falta de planeamento e má gestão” e apelou a que o plano de reorganização das urgências seja apresentado com clareza e recorrendo a todos os meios no terreno, públicos e privados.
Na resposta, o PS anunciou que fez aprovar ontem, no parlamento, um conjunto de audições para preparar uma resposta estruturada sobre o funcionamento dos serviços de urgência e considerou “injustas” as críticas do PSD em matéria de saúde.
Na sexta-feira passada, Manuel Pizarro voltou a admitir que “nem tudo está a funcionar como devia” nas urgências do SNS e avançou que apresentaria esta semana um “plano de previsibilidade” com “respostas alternativas”.
LUSA/HN
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