Investigadores avaliam impacto de atividades cognitivas e motoras em pacientes psiquiátricos crónicos

3 de Janeiro 2023

Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra e da Madeira testaram um programa de treino em pacientes psiquiátricos crónicos. Os resultados apontam que o estudo-piloto contribui para o desenvolvimento cognitivo e motor dos doentes.

O estudo foi coordenado pelo Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) e pelo NeuroRehabLab da Universidade da Madeira.

Em comunicado, os autores do estudo sublinharam a importância da pesquisa. “Até à data, são ainda escassos os estudos científicos que avaliam o impacto de intervenções combinadas com enfoque funcional em população psiquiátrica, sendo este um tema inovador no processo de intervenção terapêutica nestes quadros clínicos”, elucida a investigadora do CINEICC, Joana Câmara.

Segundo os especialistas, a população psiquiátrica apresenta défices cognitivos persistentes que comprometem a adesão à terapêutica, a qualidade de vida e a capacidade funcional. Neste sentido, a implementação de intervenções junto desta população, especialmente as que combinam componentes cognitivas e motoras, “pode ajudar a fazer frente às consequências negativas previamente mencionadas e tem ainda a vantagem de ser mais viável num contexto de internamento psiquiátrico, onde os recursos humanos e o tempo para intervir são limitados”.

Na nota de imprensa hoje divulgada é referido que foram realizadas 14 sessões, de 30 minutos cada, administradas três vezes por semana a 18 participantes.

Uma parte do grupo de pacientes frequentou o programa em formato de intervenção combinada (mais dinâmico), no qual o conteúdo do treino cognitivo foi projetado numa parede com os participantes a resolverem tarefas através da realização de movimentos detetados por Kinect (sensor de movimentos). O restante grupo frequentou o programa de treino considerado mais passivo, em que os participantes resolveram as tarefas de treino cognitivo num tablet.

Depois da participação nas 14 sessões do programa, as participantes foram acompanhadas no momento pós-intervenção e também passados três meses. No acompanhamento após as sessões, foi possível atestar a “viabilidade e aceitabilidade do programa, bem como níveis elevados de satisfação na sequência da intervenção”, explica Joana Câmara.

Os dados revelaram que o grupo de pacientes que frequentou a intervenção combinada apresentou níveis de satisfação ligeiramente mais elevados.

No caso do grupo que frequentou as sessões com recurso ao uso de tablet, “evidenciaram ganhos significativos, mas apenas em indicadores cognitivos, incluindo a atenção sustentada por longos períodos de tempo, a memória verbal e as funções executivas”.

No acompanhamento que decorreu três meses depois, “as participantes de ambos os grupos foram reavaliadas e verificou-se que o primeiro grupo manteve os ganhos obtidos na memória verbal, bem como a diminuição na sintomatologia depressiva”, afirmou a investigadora.

O estudo contou ainda com a participação de Manuela Vilar, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental, e de Luís Ferreira, Ana Lúcia Faria e Sergi Bermúdez i Badia, do NeuroRehabLab da Universidade de Madeira.

PR/HN/VC

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