“Cerca de 40% dos jovens especialistas não aceitam lugares no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e isto é deliberado, portanto, temos de criar melhores condições de trabalho no SNS e melhores salários”, disse o bastonário da Ordem dos Médicos.
Miguel Guimarães falava aos jornalistas no final de uma visita ao Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), acompanhado por dirigentes sindicais, e, quando questionado se a falta de médicos se resolveria apenas com a possibilidade de contratação de mais profissionais, o bastonário considerou que não.
“Vamos ter de ter uma intervenção na carreira médica e valorização do trabalho dos médicos”, respondeu, acrescentando, por outro lado, a inovação terapêutica e tecnológica, a possibilidade de fazer investigação dentro do horário normal de trabalho e a diferenciação de regimes de trabalho como outros fatores de valorização da profissão.
Da parte dos sindicatos, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirmou que a resolução dos problemas do SNS não é possível sem a contratação de mais médicos, mas, partilhando a perspetiva da Ordem, referiu também que para isso é necessário melhorar as condições.
“É fundamental que se invista no SNS, que se crie condições para os médicos continuarem no SNS e para que os que estão tenham a capacidade de se realizar em termos profissionais”, sustentou.
Da mesma forma, Tânia Russo da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse que “os sindicatos estão disponíveis para negociar grelhas salariais” e considerou que essa revisão é “crucial para fixar médicos no SNS e ter um SNS capaz de dar resposta às pessoas”.
A propósito da pressão sobre as urgências hospitalares e dos elevados tempos de espera registados em vários hospitais, os médicos recusaram que a principal causa seja o recurso injustificado às urgências, recordando que, muitas vezes, os utentes não encontram resposta nos cuidados de saúde primários.
“São centenas de pessoas que recorrem aos centros de saúde e não têm vagas. Nem sequer conseguimos dar tratamento devido aos utentes com medico de família e com 1,4 milhões de portugueses sem médico de família é muitíssimo difícil que isso possa acontecer”, disse Jorge Roque da Cunha.
Miguel Guimarães acrescentou, por outro lado, que, “se são pulseira amarela, estão mesmo no sítio certo” e defendeu uma atenção particular aos doentes crónicos e um acompanhamento mais próximo, de forma a evitar situações de maior urgência.
LUSA/HN
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