Gin Fan, analista de criptomoeda em Shenzhen, cidade na província de Guangzhou, no sul da China, pagou em meados de dezembro 1.360 dólares de Hong Kong (cerca de 165 euros) para ter acesso à vacina da Pfizer/BioNtech em Macau.
Este imunizante, que utiliza tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), não disponível na China, é “mais eficaz para diferentes variantes”, defendeu à Lusa a jovem de 32 anos, vacinada com duas primeiras doses do produto da farmacêutica chinesa Sinovac.
A ida de Gin Fan a Macau começou a ganhar forma quando viu uma publicação no WeChat, rede social chinesa equivalente ao WhatsApp, que referia a possibilidade de ser vacinada no hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), através da farmacêutica de Hong Kong Jacobson Pharma, responsável pela distribuição da vacina da Pfizer/BioNtech no território.
“Fiz alguma investigação e as vacinas mRNA têm anticorpos que atuam durante mais tempo do que as vacinas inativadas”, apontou a jovem, admitindo que o processo de marcação em Macau “não foi complicado”.
A Lusa contactou Gin Fan através do ‘Little Red Book’, uma rede social chinesa de partilha de fotografia e vídeo, onde apenas um dos ‘hashtags’ referentes ao assunto, #macauPfizer, tinha sido visualizado por 177 mil pessoas.
Entre as publicações neste canal, uma mulher com o ‘nickname’ Guo Guo, explica através de um vídeo como é possível concluir todo o processo: “Depois da abertura [da China], como é que te podes proteger melhor a ti e à tua família? Voas para Macau, pagas do próprio bolso a vacina da mRNA”.
Outra utilizadora chamada Ching Ye decidiu viajar até à região administrativa em outubro do ano passado, ainda antes do anúncio de abertura da China, depois de perder a esperança que a vacina da Pfizer fosse posta em circulação no país.
“Esperei muito, mas não aconteceu. Não há muito tempo vi que Macau abriu para vacinar pessoas de fora”, escreveu.
As vacinas de mRNA (o caso da Pfizer/BioNtech) utilizam parte do código genético do coronavírus, ao passo que as do vírus inativado (como as chinesas Sinovac e Sinopharm) são produzidas a partir do vírus vivo. Ao nível da eficácia, as vacinas de mRNA estão associadas a uma maior proteção do vírus do que as do vírus inativado, de acordo com o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus de Macau.
As autoridades de Saúde locais recomendaram aos cidadãos imunizados com duas doses da vacina da Sinopharm, “a mais pedida pela população local”, para escolherem a vacina da Pfizer/BioNTech na dose de reforço.
Macau disponibiliza vacinação desenvolvida pelo consórcio germano-americano Pfizer/BioNtech e pela chinesa Sinopharm, esta também acessível no interior da China.
Pequim, que seguia até há pouco tempo a política ‘zero covid’, apostando em testagens em massa, confinamentos de zonas de risco e quarentenas, anunciou recentemente o cancelamento abrupto da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos das rigorosas restrições.
Especialistas estimam que, na sequência do recente surto de covid-19 no país, cerca de 600 milhões de pessoas tenham sido infetadas, o que representa 40% da população nacional.
Com a onda de infeções sem precedentes, a procura por vacinas de mRNA tem disparado, com vários meios de comunicação social estrangeiros a acentuarem que muitos turistas chineses têm optado por Macau para a imunização.
A Lusa tentou contactar a Jacobson Pharma, responsável pela ação, para saber quantos turistas acorreram ao hospital da MUST para levar a vacina, mas até ao momento não recebeu uma resposta.
Segundo as autoridades de Macau, 122.671 doses de vacinas foram já administradas a turistas localmente.
LUSA/HN
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