Estudo avalia impacto da pandemia na perceção da qualidade de vida

17 de Janeiro 2023

O impacto da pandemia de covid-19 na perceção da qualidade de vida de residentes e turistas foi o objetivo de um estudo da Universidade de Coimbra (UC), divulgado esta terça-feira.

O estudo, realizado em Coimbra, decorreu ao longo de mais de dois anos, entre 2019 e 2021 (antes e durante a pandemia) envolvendo 1.356 pessoas (751 residentes e 605 turistas), com idades entre os 18 e os 42 anos.

Os resultados indicaram que, apesar da pandemia, residentes e turistas “têm uma elevada perceção da qualidade de vida”. Contudo, o parâmetro “Questões Urbanas” foi o que obteve um nível de avaliação mais baixo, por parte de residentes, mas também de turistas, revela um comunicado da UC, hoje enviado à agência Lusa.

Citada no comunicado, Cláudia Seabra, coordenadora da equipa de investigação, considerou “importante” o resultado ligado às questões urbanas e advogou que o mesmo seja analisado pelas autoridades locais, já que, tanto para residentes como para turistas, a “prevenção de aglomeração e congestionamento” e o “controlo de trânsito” são aspetos “cruciais”.

“Os velhos problemas ligados ao trânsito foram sobrevalorizados durante a pandemia, assim como a prevenção de aglomeração e congestionamento, contribuindo em larga medida para este impacto negativo”, destacou a também docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT).

Para além das questões urbanas, foram analisados o modo de vida, orgulho e consciência da comunidade, força económica e oportunidades de recreação.

A avaliação mais alta foi para o parâmetro “Orgulho e Consciência da Comunidade”, resultado que Cláudia Seabra classificou como “um aspeto muito positivo para as gerações mais novas”.

“Pode estar relacionado com o facto de Portugal ser um destino que acolhe pessoas de várias nacionalidades e culturas, e Coimbra, em específico, ser uma cidade universitária para onde estudantes de todo o mundo trazem diferentes culturas e tradições, contribuindo para um ambiente mais cosmopolita”, argumentou a docente da FLUC.

O parâmetro “Modo de Vida” obteve, igualmente, avaliação alta – revelador de que “os relacionamentos sociais e a indústria do turismo foram cada vez mais valorizados no período pandémico, tanto para turistas como para residentes”, acrescentou.

Um “resultado surpreendente”, destacou Cláudia Seabra, incidiu sobre o parâmetro “Força Económica”, “em que apenas os turistas atestam a existência de lojas e restaurantes pertencentes a residentes, assim como preços de bens e serviços justos”.

Este parâmetro foi, ao invés, “mais criticado por residentes que tiveram uma maior consciência dos preços elevados e do desaparecimento de negócios durante o período pandémico”, atestou a especialista.

Já as oportunidades de recreação receberam uma classificação mais alta durante a pandemia, mostrando que turistas e residentes atribuíram mais valor aos aspetos “Variedade de festivais, feiras e museus” e “Variedade de prática desportiva para praticar e assistir”, pois durante a pandemia os jovens valorizaram mais estes aspetos, refere a nota de imprensa.

Os investigadores argumentaram que a “análise articulada entre quem habita e quem visita as cidades permite registar diferenças, semelhanças e particularidades dos dois lados – turistas e moradores –, aspetos cruciais para gerir a sustentabilidade dos destinos turísticos”.

No estudo, classificado como “inovador” pelos investigadores, dado ter sido possível “pela primeira vez” comparar “a perceção da qualidade de vida entre residentes e turistas das gerações mais jovens e perceber o impacto da pandemia naquela perceção”, Cláudia Seabra defendeu que os destinos turísticos “precisam de avaliar a perceção da qualidade de vida de residentes e turistas para melhorar a experiência e índices de satisfação de ambas as partes e, assim, equilibrar a relação entre turistas e moradores”.

“Os resultados comprovam que a pandemia veio alterar a forma como encaramos a nossa perceção de bem-estar e de qualidade de vida de forma global. Precisamos de olhar para a indústria do turismo a partir desta visão simbiótica entre turistas e comunidades locais. Saber o que os residentes sentem é fundamental para pensar um turismo mais sustentável ao nível económico, social e até cultural”, rematou a investigadora.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Abertas candidaturas para o Prémio Grünenthal Dor 2023

A Fundação Grünenthal premeia anualmente trabalhos de investigação clínica ou básica, a quem atribui um prémio no valor de 7500 euros. O período de apresentação de candidaturas decorrerá até 30 de maio de 2024.

ULSVDL adota solução inovadora para gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

No âmbito da candidatura ao Sistema de Apoio à Modernização Administrativa (SAMA) “DIR@2020 – Desmaterializar, Integrar e Robotizar”, a Unidade de Reprocessamento de Dispositivos Médicos (URDM) da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) deu um passo importante para otimizar os seus processos, ao implementar uma solução de gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights