Primeira vacina de ADN contra leishmaniose canina pode ser comercializada

19 de Janeiro 2023

A primeira vacina de ADN recombinante contra a leishmaniose canina, capaz de reduzir a presença do parasita em mais de 90% e os sintomas da doença, foi autorizada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) a ser comercializada.

A vacina, desenvolvida por cientistas do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) de Espanha e o grupo farmacêutico Zendal, é “a primeira para mamíferos e a segunda no mundo produzida com aquela tecnologia que utiliza informações genéticas”, informou hoje a agência noticiosa espanhola EFE.

Adiantou que a EMA deu “luz verde” à comercialização e distribuição do soro.

A leishmaniose é uma doença causada por parasitas do género ‘Leishmania’ e transmitido aos cães pela picada de mosquitos.

De acordo com informação no ‘site’ do Hospital Escolar Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária em Lisboa, a doença é “endémica no Sul da Europa, Norte de África, Médio Oriente, China e América do Sul” e “também afeta o Homem”.

O parasita localiza-se, sobretudo, “na medula óssea, nos gânglios linfáticos, no baço, no fígado e na pele, sendo o cão o principal hospedeiro e hospedeiro reservatório”.

A mesma fonte adianta que “em Portugal, estima-se que 110 mil cães estejam infetados, embora muitos não manifestem a doença. Outros animais como os gatos, as raposas e os roedores podem, igualmente, ser afetados”.

“Comparada com outras tecnologias, esta nova vacina, altamente eficaz, tem ainda a vantagem de ser muito estável”, disse o investigador do CSIC Vicente Larraga, que dirigiu o desenvolvimento do soro, citado pela EFE.

“Após este parecer favorável da EMA, conseguiu-se um apoio internacional muito importante para vacinas de ADN que também podem ser utilizadas para proteger contra outras infeções”, acrescentou.

Larraga referiu que “o parecer indica que a vacina reduz o risco de contágio e o aparecimento da doença”, considerando o soro “um passo importante” dado que a diminuição de animais infetados “reduz significativamente a possível transmissão para outros cães e humanos”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os casos de leishmaniose canina e humana aumentaram na Europa nos últimos anos devido às alterações climáticas e à presença dos mosquitos em causa em mais países europeus do norte.

Considerada pela OMS como uma doença tropical negligenciada, afeta mais de mil milhões de pessoas em 83 países, a maioria em áreas subdesenvolvidas.

No ‘site’ do Hospital Escolar Veterinário é ainda referido que “em Portugal, existe já uma vacina contra a leishmaniose canina” e que “a prevenção é fundamental para reduzir o número de casos de leishmaniose nos animais e para evitar o risco para os humanos”.

LUSA/HN

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