“Os nossos hospitais estão minados pela insegurança e a violência, e isto, num contexto já precário em termos de fornecimentos e serviços, faz que tanto o pessoal como os pacientes, sejam vítimas de um sistema complexo com pouca capacidade de atenção”, explica-se no relatório Sondagem Nacional de Hospitais – 2022.
No documento, divulgado hoje, precisa-se que “59% dos hospitais registaram factos de violência contra o pessoal de saúde, de parte dos familiares dos doentes”.
Por outro lado, “mais de 40%” registaram “roubos ou assaltos dentro das instalações”, que afetam “não só o pessoal da saúde, mas também os pacientes e as suas famílias”.
Segundo a MPS, o registo de “eventos violentos” começou em 2019, devido a denúncias de roubos a médicos e enfermeiros, mas também de “violência contra o pessoal de saúde de parte de familiares de pacientes, e outros eventos”.
“Lamentavelmente, os familiares [dos pacientes] culpam os trabalhadores pelas deficiências dos centros de saúde, pela falta de equipamentos e suprimentos necessários para poder atender os doentes”, explica-se.
No relatório sublinha-se que, “embora seja absolutamente compreensível que alguém se sinta desesperado porque não há como atender um familiar, a realidade é que o pessoal de saúde que cuida dos doentes não é responsável pelas carências dos hospitais”.
“Os responsáveis são os que tomam as decisões, quem ocupa cargos administrativos e de gestão (…) muito mais altos na hierarquia hospitalar do que os médicos e enfermeiros”, salienta-se.
No documento revela-se que os indicadores levaram a concluir que os hospitais venezuelanos “não escapam ao contexto nacional, que a insegurança e a violência invadiram os centros de saúde, que deveriam ser espaços seguros” e que “na Venezuela de hoje, os hospitais não são espaços seguros”.
A MPS alertou ainda para os indicadores locais do tempo de atenção das patologias mais frequentes, nas urgências hospitalares, como o enfarte agudo do miocárdio e pneumonia.
“Os indicadores universais para ambas doenças salientam que o tempo de tratamento deve ser inferior a uma hora, e está atualmente próximo dos 25 e 30 minutos. No entanto, no final de 2022, o tempo de tratamento do enfarte do miocárdio na Venezuela era de um hora e 19 minutos, enquanto para a pneumonia era de três horas e 55 minutos”, pode ler-se no documento.
A MPS sublinhou ainda que em alguns meses de 2022 observou que o tempo de atenção melhorou, chegando a registar menos de 60 minutos para os enfartes e menos de duas horas para as pneumonias.
“Na Venezuela, quando há falta de medicamentos, a equipa médica exige que os membros da família procurem os medicamentos em farmácias privadas ou em centros próximos” e “isto atrasa os primeiros cuidados do paciente”, explica-se.
Por outro lado, lembra-se que a Venezuela registou, em 2022, uma média de 84% dos equipamentos de diálise, com uma ligeira tendência à melhoria entre fevereiro e dezembro, quando passou de 74% para 88%.
“A operacionalidade deveria estar perto dos 100%, uma vez que se um doente hospitalizado precisar urgentemente de diálise e não a poder receber no centro de saúde, é difícil encontrar uma alternativa a curto prazo”, indica-se no relatório, sublinhando que a existência de unidades inoperacionais compromete a capacidade operacional dos grandes hospitais.
LUSA/HN
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