Falando no 15.º Diálogo Político Ministerial África do Sul-União Europeia, esta manhã em Pretória, a ministra das Relações Exteriores e Cooperação, Naledi Pandor, considerou “relevante” a iniciativa “Just Energy Transition” para a “parceria estratégica” com a Europa.

“O apoio da UE nestas áreas pode ajudar a África do Sul a avançar na via do desenvolvimento sustentável”, afirmou a governante sul-africana.

O encontro, que não se realizava desde 2018 devido à pandemia global da covid-19, visou abordar também a cooperação política e de segurança; cooperação em fóruns internacionais; comércio e investimento, bem como fluxos financeiros entre a nação africana e a Europa, e preparar a 8ª cimeira entre os Estados membros da EU e a África do Sul, que se deve realizar na primeira metade deste ano, segundo as autoridades de Pretória.

“As nossas discussões sem dúvida contribuirão para como procurarmos enfrentar todos estes desafios atuais, a vários níveis de envolvimento, inclusive na ONU, com o nosso compromisso compartilhado com o multilateralismo, os princípios democráticos e o Estado de Direito. Fortalecer o sistema da ONU é uma prioridade”, frisou Naledi Pandor.

“Agradeço ao Alto Representante pelas consultas bilaterais que também tivemos ontem sobre um amplo número de temas e desenvolvimentos de paz e segurança nas nossas respetivas regiões e globalmente”, salientou Naledi Pandor.

A visita do Alto Representante para os Assuntos Externos e Política de Segurança da UE, Josep Borrell, à África do Sul ocorre na sequência das visitas também esta semana do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e da secretária de Estado do Tesouro norte-americana Janet Yellen.

A África do Sul, a economia mais desenvolvida do continente africano, adotou uma postura de neutralidade em relação à guerra na Ucrânia, sendo um parceiro importante dos EUA e do Ocidente, mantendo igualmente fortes laços com a Rússia e a China desde a Guerra Fria.

Moscovo e Pequim vão participar com navios de guerra no próximo mês em operações navais conjuntas ao largo da costa leste da África do Sul.

A delegação europeia incluiu as comissárias Jutta Urpilainen (Parcerias Internacionais); Mairead McGuiness (Serviços Financeiros, Estabilidade Financeira e União dos Mercados de Capitais) e a comissária Stella Kyriakides (Saúde e Segurança Alimentar).

A iniciativa europeia para a “recuperação justa e verde” para a África do Sul, em que se insere a parceria “Just Energy Transition”, será oficialmente apresentada esta tarde pela UE na capital sul-africana, sendo promovida pela Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, República Checa, Alemanha, Itália, Holanda, Áustria e Suécia, segundo a delegação da UE na África do Sul.

“Centra-se especificamente na reforma política, no desbloqueio de investimentos verdes e na formação de uma transição baseada no conhecimento para uma economia de baixo carbono”, referiu numa nota à imprensa.

De acordo com a UE, a parceria “Just Energy Transition” pretende desenvolver a cadeia de hidrogénio verde; o corredor estratégico Durban-Lusaka [Zâmbia], com eventual extensão à República Democrática do Congo e a conectividade digital ligando a Europa a África através de um cabo submarino e uma proposta ligação terrestre com a África do Sul.

A África do Sul é o 14.º maior emissor mundial de gases de efeito estufa.

Mais de mil empresas europeias operam atualmente na África do Sul, onde existem várias câmaras empresariais europeias, segundo a representação da UE em Pretória.

LUSA/HN