Bastonário considera residência farmacêutica “um passo importante”, mas “lei está mal desenhada”

5 de Fevereiro 2023

Em entrevista ao podcast da Onya Health, o bastonário Hélder Mota Filipe deixa críticas ao Governo sobre o internato farmacêutico e aborda soluções para ajudar a colmatar a falta de medicamentos nas farmácias comunitárias.

Em comunicado, a Onya Health destaca que o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, felicita o Governo pela decisão de criar uma carreira específica para os farmacêuticos no SNS, mas deixa claro que a lei vai ter impacto negativo nas instituições hospitalares nos primeiros anos de implementação. Em entrevista ao podcast “Como anda a nossa saúde?”, alerta ainda para a escassez de 300 farmacêuticos no serviço público.

“Esta lei da carreira farmacêutica, a partir do dia 1 de janeiro (de 2023), não permite que especialistas cujo título tenha sido dado pela Ordem dos Farmacêuticos sejam reconhecidos no Serviço Nacional de Saúde”, começa por explicar Hélder Mota Filipe, citado em comunicado. “Apenas os farmacêuticos com os títulos que resultam da residência podem passar a ser reconhecidos.”

Segundo a nova lei, as instituições do SNS só poderão contratar farmacêuticos especialistas depois de cumpridos quatro anos de internato numa das três especialidades disponíveis: Farmácia Hospitalar, Análises Clínicas ou Genética Humana. Mas o bastonário alerta que o SNS não pode esperar quatro anos pelos primeiros especialistas: “O Serviço Nacional de Saúde não pode conviver com esta situação no momento em que já faltam 300 farmacêuticos para os hospitais do SNS”.

Apesar de concordar com a criação de uma carreira farmacêutica no serviço público, o bastonário afirma que a Ordem ainda está em negociações com o Ministério da Saúde para tornar a lei mais justa. A solução pode passar pela equiparação de competências, permitindo que os títulos atribuídos pela Ordem antes de 1 de janeiro possam ser igualmente reconhecidos pelas instituições públicas “até que o próprio SNS tenha capacidade de gerar os seus próprios especialistas”, conclui.

Para controlar a escassez de medicamentos, Hélder Mota Filipe afirma que é necessário implementar uma reserva estratégica de medicamentos para momentos de crise que só possa ser mobilizada pelas autoridades competentes. O bastonário fala ainda na criação de uma lista oficial de medicamentos equivalentes, para que o farmacêutico tenha sempre uma terapêutica alternativa caso algum medicamento esteja em falta.

PR/HN/RA

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