“As respostas ligadas às doenças oncológicas são extremamente técnicas, mas em Cabo Verde, nos últimos dados e informações que temos, conseguimos reduzir em 30% as evacuações para o estrangeiro ligadas às doenças oncológicas”, avançou o secretário de Estado Adjunto da ministra da Saúde, Evandro Monteiro.
Em declarações aos jornalistas no âmbito do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinalou no sábado, 04 de fevereiro, o membro do Governo considerou que essa percentagem é um “passo significativo”, mas entendeu que o país não quer ficar por aqui.
O também médico referiu que para o combate e tratamento específico às doenças oncológicas existem muitas áreas de intervenção, nomeadamente radioterapia, ainda que Cabo Verde não tenha essa ferramenta, mas garantiu que o país está em processo para a ter.
“Mas já demos passos significativos, por exemplo, relativamente ao serviço de quimioterapia e também na introdução do tratamento hormonal, sobretudo para o cancro da mama”, frisou Evandro Monteiro, considerando que se trata de um processo e apelou à intervenção de todos.
Dados oficiais do programa de prevenção e controle das doenças oncológicas indicam que o cancro representa um dos principais motivos de transferência de doentes para Portugal, no âmbito do protocolo de cooperação bilateral, com 109 transferidos em 2019 e 82 em 2020.
Em Cabo Verde, são diagnosticados uma média de 600 novos casos por ano e morrem cerca de 360 pessoas de cancro, representando 60/100.000 habitantes, com as doenças oncológicas a constituírem a terceira causa de morte no país (11%).
Do ponto de vista de novos casos, do reforço das capacidades em termos de diagnóstico, tratamento e seguimento, o secretário de Estado Adjunto disse que o país tem vindo a ter “ganhos significativos”, mas ainda com uma média de uma morte por dia por causa da doença.
Os cancros mais importantes, no homem, é o da próstata, seguido do do sistema digestivo, enquanto nas mulheres é mais frequente o do colo uterino e da mama.
Segundo o porta-voz do Governo, o que preocupa neste momento são as tendências evolutivas relativamente à prevenção, e os números de mortes poderão aumentar se medidas não forem tomadas desde agora.
Entre as medidas, apontou, o trabalho promocional e preventivo como a primeira ferramenta é o mais adequado e com mais resultados.
“Os estudos demonstram que entre 30% a 50% dos cancros podem ser prevenidos e tratados”, salientou, dizendo que Cabo Verde tem feito de tudo para diagnosticar os casos mais cedo, mas sobretudo, tratar melhor, visto ter melhores condições.
Lamentando o problema do diagnóstico atempado em Cabo Verde, tal como acontece a nível mundial, o que faz com que os doentes cheguem aos hospitais em estadio avançado, o governante sublinhou, por isso, a importância dos cuidados paliativos no tratamento.
Cabo Verde tem implementado um conjunto de ações no sentido de melhorar o acesso às respostas, desde programas de sensibilização, prevenção, rastreios nas comunidades, ações formativas dos profissionais, protocolos terapêuticos e melhorias nas condições de diagnóstico seguimento e tratamento.
A formação e capacitação de equipas multidisciplinares em cuidados paliativos, a publicação do Guia do Cuidador em Cuidados Paliativos, a inauguração do Serviço de Oncologia do Hospital Agostinho Neto (HAN) foram algumas das ações feitas recentemente.
Há ainda a criação e entrada em funcionamento do Laboratório de Biologia Molecular no HAN, a implementação do registo oncológico e do processo de implementação do hospital de dia de oncologia no Hospital Baptista de Sousa, bem como vários projetos, em colaboração com parceiros internacionais, com destaque para a Fundação Calouste Gulbenkian.
O Dia Mundial do Cancro é uma iniciativa global organizada pela União Internacional para o Controlo do Cancro (UICC) com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), para aumentar a consciencialização e a educação mundial sobre a doença, além de influenciar governos e indivíduos para que se mobilizem para o controlo.
A incidência de cancro tende a aumentar em todo o mundo, morrendo anualmente cerca de 10 milhões de pessoas e especialistas estimam que, se nada for feito, em 2030 as mortes por cancro atinjam 13 milhões de pessoas em todo o mundo.
LUSA/HN
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