Greve de enfermeiros no Algarve com adesões entre 70 e 100%

8 de Fevereiro 2023

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses classificou hoje como “extremamente positiva” a adesão à greve no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), que estima oscilar entre 70% em Faro e 100% no Serviço de Urgência Básica de Albufeira.

A paralisação convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) no CHUA começou às 08:00 e prolonga-se até às 00:00, abrangendo os turnos da manhã e da tarde, e a dirigente sindical Sónia Lopes disse à Lusa que, “no Hospital de Portimão, há uma adesão de 80%”, enquanto no de “Faro, onde ainda não se recolheram os dados todos, rondará os 70%”.

O CHUA também gere os hospitais de Lagos e os Serviços de Urgência Básica de Vila Real de Santo António, Loulé e Albufeira, onde há “adesões de 100%”, sublinhou Sónia Lopes, do SEP do Algarve, precisando que esse é o caso em Albufeira.

“Isso demonstra efetivamente o descontentamento que os enfermeiros têm em relação a este impasse com o conselho de administração”, afirmou Sónia Lopes, recordando que os profissionais de enfermagem do CHUA exigem a efetiva contabilização dos anos de serviço para progressão nas carreiras e o consequente pagamento dos retroativos.

A mesma fonte criticou o conselho de administração do CHUA por, na segunda-feira, ter adiado a reunião que tinha marcado com o SEP para terça-feira, e lamentou que em causa esteja um problema que “se arrasta desde 2018”, ano em que os enfermeiros deviam ter visto a sua carreira descongelada, progredido e sendo pagos com retroativos.

“A tolerância é zero para com este conselho de administração”, afirmou, advertindo que os enfermeiros agravarão as formas de luta caso a administração do CHUA não dê uma resposta a esta situação na reunião que foi reagendada para 14 de fevereiro.

Sónia Lopes alertou que o adiamento da reunião por parte do CHUA “só veio inflamar ainda mais os ânimos e o descontentamento dos enfermeiros em geral” e, “se no dia 14 todas estas questões não estiverem resolvidas”, o SEP pode avançar para “mais dias de greve”.

“A responsabilidade e os constrangimentos que trazem aos utentes e à instituição poderiam ser evitados por este conselho de administração, está na mão deles que isto não aconteça”, disse ainda Sónia Lopes, recordando que esta paralisação se segue à greve parcial de duas horas que foi realizada no dia 02 de fevereiro.

Os enfermeiros do CHUA mantiveram a greve prevista para hoje, depois de o conselho de administração hospitalar ter adiado a reunião agendada para terça-feira, na qual esperavam uma solução às suas reivindicações, segundo a fonte sindical.

O SEP lamentou que a indisponibilidade do conselho de administração do CHUA para se reunir com os enfermeiros tenha sido comunicada na segunda-feira à tarde, “a poucas horas da reunião mais esperada dos últimos tempos” e quando “se exigiam efetivas respostas para os problemas” daqueles profissionais de saúde.

Para a estrutura sindical, trata-se de “mais um revés na relação de confiança entre a administração, os enfermeiros e o SEP”, que vão a partir de agora ter “tolerância zero” com a administração do CHUA, apesar de esta ter apontado o próximo dia 14 de fevereiro para a concretização da reunião agora adiada.

Os enfermeiros exigem “justiça” na interpretação do decreto-lei sobre a contabilização dos anos de serviço para progressão nas carreiras e o consequente pagamento dos retroativos.

No caso do CHUA não estão a ser contabilizados pontos aos enfermeiros que iniciaram funções nos segundos semestres de cada ano, aos enfermeiros que tinham vínculos precários ou aos enfermeiros especialistas com contrato individual de trabalho, situação que o SEP considera que já devia estar resolvida pela administração do Centro Hospitalar algarvio.

LUSA/HN

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