“Seiscentos são 600 a mais. Apesar de tudo, há dois ou três meses atrás eram 1.100, o que significa que este modelo está a funcionar e já permitiu aliviar a situação”, realçou o governante, em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.
No arranque de uma visita ao litoral alentejano, Manuel Pizarro foi questionado pelos jornalistas sobre a existência de 665 doentes internados em hospitais por razões sociais, segundo notícia publicada na edição de domingo do Diário de Notícias (DN).
“É um número que me preocupa e que nós temos de resolver”, assinalou, lembrando que os ministérios da Saúde e do Trabalho e Segurança Social estabeleceram em conjunto “um modelo de alta social dos hospitais”.
Considerando que este modelo já está a apresentar resultados, o ministro sublinhou, porém, que é necessário “continuar a trabalhar para criar uma alternativa” para estas pessoas que já tiveram alta e aguardam uma resposta.
“É preciso que os hospitais estejam aliviados destes casos, mas, sobretudo, é tema de dignidade humana”, pois “as pessoas não têm de estar internadas num hospital quando a sua situação clínica não se justifica”, vincou.
Por outro lado, Manuel Pizarro referiu que “o internamento num hospital também representa riscos” para as pessoas, dando como exemplos as infeções hospitalares e a desinserção da vida comunitária.
“Este é um caso em que, apesar de tudo, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a ser o espaço onde essas pessoas têm o apoio de que necessitam. Precisamos de as tirar dos hospitais e vamos criar um modelo adequado para isso”, sublinhou.
Questionado sobre o fecho de 220 camas na Rede Nacional de Cuidados Continuados (RNCCI) nos últimos dois anos, o governante começou por reconhecer que “havia um financiamento insuficiente” e que, por isso, o Governo aumentou os valores pagos pelo Estado em novembro passado.
“Aumentámos em um pouco mais de 15% a diária das unidades de longa duração e em cerca de 7% a diária das unidades de média duração e fizemos isso com retroativos de janeiro de 2022”, disse, indicando que a medida “foi muito bem recebida pelo setor”.
Recordando que a RNCCI “tem 10 mil lugares”, Manuel Pizarro admitiu que não fica satisfeito “por haver 2% de encerramento” e mostrou-se resignado com os eventuais fechos: “Mas com isso temos de viver”, frisou.
Segundo o ministro, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem “uma forte alocação” de financiamento para a abertura de “cerca de 5.500 camas de cuidados continuados de que o país ainda necessita”.
“Esse processo vai iniciar-se agora e tenho a confirmação de que, já este ano, vamos abrir largas dezenas de novos lugares em cuidados continuados”, revelou.
Sobre a visita aos cinco concelhos do litoral alentejano, no âmbito da iniciativa Saúde Aberta, o governante disse pretender “fazer um diálogo muito frutuoso” com as populações, autarcas, profissionais de saúde e administrações e direções de unidades.
“Esse diálogo é muito relevante e ajuda-nos muito, às vezes, a matizar as medidas de acordo com as necessidades de cada local”, acrescentou.
LUSA/HN
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