“Acho que as ULS são um bom modelo organizacional para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) responder melhor, porque permite a integração dos vários tipos de cuidados – os hospitalares e os cuidados de saúde primários – e responder de um modo mais adequado e sem redundância aos doentes”, defendeu Manuel Teixeira Veríssimo, em declarações à agência Lusa.
No entanto, para o dirigente, “é fundamental que depois se consiga implementar bem no terreno o modelo e isso vai depender muito das pessoas, como em tudo”.
Salientou que, “todos os modelos, como as táticas de futebol, são bons quando bem interpretados e se ganha, e aqui também é um pouco a mesma coisa”.
Em relação à ULS de Coimbra, Teixeira Veríssimo considerou que “é um problema acrescido, porque é realmente muito grande e, além de ter vários hospitais juntos, que formavam o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, juntou uma zona grande e imensa também de centros de saúdes, pelo que o desafio é ainda maior”.
“A equipa está a trabalhar e espero que tenha bons frutos e que a resposta seja boa”, disse o presidente da SRCOM, que preferia ter a ULS do Baixo Mondego maior, alargando a cobertura do Hospital Distrital da Figueira da Foz a Mira e Cantanhede e a uma parte de Pombal, que “rotineiramente” já se desloca àquela unidade hospitalar, em vez de ter ficado confinada à Figueira da Foz, Montemor-o-Velho e Soure.
No balanço ao primeiro ano de mandato, Teixeira Veríssimo reconheceu que os últimos meses foram difíceis para a saúde, sobretudo pela falta de médicos nas zonas do interior da região Centro e com a recusa dos médicos em efetuarem mais horas extras do que as permitidas por lei.
“Isso criou constrangimentos, pôs em certas circunstâncias a prestação de cuidados aos doentes em causa e, obviamente, isso preocupa a Ordem dos Médicos, que tem como primeira missão garantir que os cuidados prestados aos doentes sejam os melhores e para isso também têm de apoiar os médicos”, referiu.
O dirigente salientou que o último ano foi de dificuldades, “porque havendo problemas com frequência em vários hospitais da região Centro, a SRCOM esteve de estar a par deles e de ter reuniões com as administrações e com os médicos”.
“Digamos que foi um ano carregado de preocupações e de trabalho, embora neste momento as coisas pareçam estar um bocadinho mais calmas, mas não resolvidas”, disse.
O presidente da SRCOM lamentou que não tivesse existido acordo entre o ministério da Saúde e os dois sindicatos médicos e insistiu na necessidade de serem criadas condições aos médicos para voltarem para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Para Teixeira Veríssimo, “ninguém pode levar a mal aos médicos que prefiram ir trabalhar para um hospital privado, por exemplo, ou até imigrar, em vez de ficar a trabalhar no SNS”.
“Se isso acontece é porque não estão bem no SNS, que tem de oferecer condições para que continuem no SNS, porque, na minha opinião, em igualdade de circunstâncias, os médicos preferem trabalhar no SNS a trabalhar na saúde privada ou até imigrar”, sustentou.
A recuperação das carreiras médicas, como já tinha defendido na sua tomada de posse, é “fundamental para as pessoas terem objetivos quando estão num sítio a trabalhar, sabendo que a sua evolução na carreira, os seus privilégios e os seus vencimentos poderão ser afetados consoante a sua evolução, seja melhor ou pior”.
“Isso continua em cima da mesa da nossa parte e, antes de o Governo cair, o executivo também afirmava que estava disposto a apoiar a revalorização das carreiras, mas agora vamos ver o que vai acontecer no próximo Governo”, referiu o presidente da SRCOM.
Professor jubilado da Universidade de Coimbra, Manuel Teixeira Veríssimo, de 71 anos, foi médico de Medicina Interna e dirigiu o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais, na Tocha (Cantanhede), e o Hospital Distrital da Figueira da Foz.
Foi eleito em janeiro de 2023 presidente da SRCOM, em lista única, sucedendo no cargo ao atual bastonário, Carlos Cortes.
LUSA/HN
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