Em causa está a estratégia de reorganização do serviço de urgência de Pediatria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, divulgada hoje pela Direção Executiva do SNS (DE-SNS), dando conta que no caso do hospital de Loures (Hospital Beatriz Ângelo) aquele serviço vai funcionar apenas entre segunda e sexta-feira (09:00-21:00), encerrando aos fins de semana.
Esta decisão contraria as garantias que tinham sido dadas há uma semana pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, aos autarcas de Loures, Odivelas, Mafra e Sobral de Monte Agraço (municípios servidos pelo hospital) de que as urgências do Beatriz Ângelo (HBA) iriam reabrir ao fim de semana, “em horário por definir”.
Em declarações esta tarde à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Silva (PSD), considerou que a estratégia de reorganização hospitalar, divulgada pela DE-SNS, faz “gorar as expectativas de todos os utentes que são servidos pelo HBA”.
“A expectativa era que as urgências Pediátricas do Beatriz Ângelo voltassem a reabrir num horário noturno, não só durante a semana, mas também ao fim de semana. Tal não aconteceu, o que representa um retrocesso e um gorar de expectativas”, afirmou o autarca social-democrata.
O serviço de urgência pediátrica do Hospital Beatriz Ângelo encontra-se fechado à noite e aos fins de semana desde o início do mês de março, por falta de profissionais, sendo que nesses períodos as crianças da área de referência desta unidade de saúde têm sido atendidas nas urgências dos hospitais de Santa Maria, Dona Estefânia e São Francisco Xavier.
O autarca de Mafra disse compreender as razões evocadas pelo Ministro da Saúde para não reabrir as urgências, nomeadamente a “falta de recursos humanos”, mas ressalvou a necessidade de serem respeitados os cerca de 300 mil utentes que são servidos pelo HBA.
Relativamente ao concelho de Mafra, Hélder Silva explicou que os utentes do município são duplamente prejudicados, uma vez que estão a ser divididos por dois hospitais de referência (Hospital Beatriz Ângelo e Centro Hospitalar do Oeste, em Torres Vedras) e ambos com limitações de serviços.
“Nós temos cerca de 40 mil utentes de Mafra que vão para o HBA, mas os outros 45/50 mil vão para o Hospital de Torres Vedras. Também aqui a expectativa se defrauda porque o Hospital de Torres Vedras é também dos hospitais que vai fechar durante a noite” [a urgência Pediátrica], apontou.
A partir de 01 de abril, o serviço de urgência Pediátrica do Centro Hospitalar do Oeste vai passar a encerrar entre as 21:00 e as 09:00 do dia seguinte.
“Somando todas as partes, Mafra vê todos os seus utentes de urgência Pediátrica cerceados dos hospitais de referência. É algo altamente preocupante e inaceitável”, sublinhou.
Nesse sentido, o presidente da Câmara de Mafra adiantou que irá pedir ao Governo que todos os utentes do concelho passem a ser servidos apenas pelo Hospital de Santa Maria, em Lisboa, “como aconteceu no passado”.
“Aquilo que eu vou partilhar com o senhor ministro é que os utentes sejam reencaminhados só para um hospital de retaguarda e que esse hospital seja, como já foi no passado, o Hospital de Santa Maria. Se tal acontecer considero que é uma forma de mitigarmos esta discriminação negativa a que Mafra tem sido votada nos últimos anos”, apontou.
A Lusa pediu também uma reação à Câmara de Loures, que aprovou há uma semana uma moção a contestar o encerramento do serviço de urgência pediátrica no período noturno e fim de semana, mas esta remeteu uma eventual resposta para terça-feira.
De acordo com a estratégia de reorganização do serviço de urgência divulgada também os serviços os serviços de Pediatria dos hospitais de São Francisco Xavier (Lisboa) e do Centro Hospitalar do Oeste (Torres Vedras) vão encerrar à noite a partir de 01 de abril.
Já o Centro Hospitalar de Setúbal passa a encerrar quinzenalmente a urgência de pediatria, entre as 21:00 de sexta-feira e as 09:00 de segunda-feira, informou a DE-SNS, salientando que os horários do plano vigoram até 30 de junho.
As restantes urgências pediátricas mantêm-se permanentemente abertas, nomeadamente nos hospitais Santa Maria, D. Estefânia, ambos em Lisboa, Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), Vila Franca de Xira, Cascais, Hospital Garcia de Orta, em Almada, Santarém e centros hospitalares Barreiro Montijo, Médio Tejo (Torres Novas) e Oeste (Caldas da Rainha).
LUSA/HN
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