“Não é a única solução, mas é uma das soluções. Através dos Centros de Responsabilidade Integrada [CRI] pode haver uma reorganização e uma regeneração dos serviços de saúde a nível hospitalar”, disse, em declarações à Lusa, Varandas Fernandes, que dirige o CRI de Traumatologia Ortopédica do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.
O responsável acredita que estes centros, que são estruturas dependentes dos conselhos de administração dos hospitais, mas assumem compromissos de desempenho assistencial, económico e financeiro – como acontece com as Unidades de Saúde Familiar -, além de ajudarem a reformar o Serviço Nacional de Saúde são mais atrativos para fixar os profissionais, que recebem incentivos financeiros pelo desempenho.
Varandas Fernandes adianta que a principal missão da associação (CCRIA – Convergência dos Centros de Responsabilidade Integrada Associação), que será criada esta semana, é acompanhar, dinamizar e promover os CRI, sublinhando a importância de funcionarem com equipas multidisciplinares.
Dá o exemplo do CRI que dirige e explica: “temos um farmacêutico, um colega da medicina interna, uma assistente social, uma nutricionista. É uma visão alargada de abordar um doente, não apenas pela patologia que apresenta quando entra num hospital”.
“Por vezes, quando chega, o doente já traz muitas doenças de base”, lembra o responsável, insistindo que [com os CRI] os resultados acabam por aparecer, não só na demora média [dos casos], como nas taxas de mortalidade: “E isto acabará por ter sempre um bom reflexo ao nível dos cuidados primários de saúde e dos serviços de urgência”, insiste.
Quanto aos profissionais, diz, sentem-se mais realizados porque têm remunerações adicionais. “Têm suplementos remuneratórios consoante a atividade prestada e este pode ser um dos caminhos para ajudar a regenerar e a reformar o SNS”.
A associação terá como associados não só responsáveis pelos CRI já existentes – há cerca de 15, de várias especialidades, a funcionar em pleno -, como também os profissionais que ali estão integrados.
“Qualquer profissional que desempenhe funções num CRI, seja médico, enfermeiro, técnico de diagnóstico e terapêutica ou técnico administrativo pode fazer parte desta associação”, acrescenta.
Varandas Fernandes considera que o SNS “precisa de uma regeneração interna, de estruturas orgânicas intermédias que deem uma vitalidade e impulsionem novos métodos e novas organizações”, defendendo que os CRI são uma das soluções.
O especialista sublinha a necessidade de criar Centros de Responsabilidade Integrada em áreas médicas onde não existem, assim como de fazer evoluir os CRI cirúrgicos.
“Através desta associação podemos ajudar a melhorar os ganhos e os resultados em saúde, promovendo a criação de CRI”, defende.
No novo estatuto do SNS, o Governo deu uma orientação clara para os conselhos de administração promoverem novos CRI.
No arranque, a associação já conta, entre outros, com os responsáveis de alguns CRI espalhados pelo país, como é o caso dos do Hospital Garcia de Orta (de Medicina Nuclear, Otorrinolaringologia, Dermatologia e Oftalmologia), do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CRI de Tratamento Cirúrgico de Obesidade e Doenças Metabólicas), Centro Hospitalar São João (Patologia Mamária, Obesidade) e Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (de Psiquiatria e Oftalmologia).
LUSA/HN
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