“A proposta de criação desta unidade é justificada no presente plano de negócios, o qual evidencia não só a sua sustentabilidade financeira, mas também a sua capacidade de oferecer cuidados de saúde mais adequados às necessidades reais da população, aprofundando a integração dos vários níveis de cuidados e baseando-se em princípios de governação clínica e gestão de recursos”, esclarece-se no documento.
A ULS da Região de Leiria prevê a integração dos hospitais de Alcobaça, Leiria e Pombal (Centro Hospitalar de Leiria) e dos cuidados de saúde primários do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Pinhal Litoral (Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós), de dois concelhos servidos pelo ACES Oeste Norte (Alcobaça e Nazaré) e de Ourém (ACES Médio Tejo), com uma população de 371.940 pessoas.
Em outubro de 2022, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) anunciou que iria propor à tutela a criação de uma ULS, por entender que esta estrutura pode “melhorar o funcionamento da prestação de cuidados de saúde”.
Em dezembro, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, determinou a criação de um grupo de trabalho para elaborar o plano de negócios da futura ULS, tendo como gestor do processo o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria, Licínio de Carvalho.
Numa nota de imprensa emitida no domingo, a direção executiva do SNS fez saber que o plano de negócios da ULS da Região de Leiria encontra-se a ser avaliado com o Ministério das Finanças.
À agência Lusa, Licínio de Carvalho salientou hoje que “o foco neste processo e que, de alguma forma, o plano negócios evidenciou, é a integração clínica, mais do que a integração financeira”.
“É, de facto, deixarmos de falar em níveis de cuidados e passarmos a falar em percursos clínicos consensualizados e participados por diferentes entidades prestadoras de saúde e por diferentes profissionais prestadores de cuidados de saúde”, referiu.
O gestor afirmou que “o trabalho demonstrou que haveria também ganhos de escala e ganhos de eficiência na integração”, até porque “há a simplificação de processos, e haverá, eventualmente, eliminação de repetições de exames e de percursos e de deslocações e de intervenções”.
“O resultado que o documento evidenciou é que o processo tem sustentabilidade financeira e este é um foco também que nunca deve ser posto de parte em processos de transformação e de organização diferente dos cuidados de saúde”, disse.
No sumário executivo do plano de negócios, lê-se que esta ULS, entre outros objetivos, “procurará prestar cuidados diferenciados de elevada qualidade, norteada pelos princípios de equidade e acessibilidade, através de uma eficiente articulação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares”.
O documento define cinco eixos de atuação: promoção de um modelo integrado de prestação de cuidados, criação de um modelo de intervenção centrado no utente, otimização de ganhos em saúde e da gestão de qualidade e de ganhos em eficiência, e a elaboração de projetos de qualificação, de inovação e cooperação com instituições de ensino e unidades de investigação.
Estes cinco eixos incluem 33 projetos clínicos a desenvolver no futuro pelos serviços que vão integrar a ULS: hospitais e centros de saúde.
O plano, que comparou resultados operacionais, líquidos e EBIDTA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) dos dois cenários (a situação atual e a criação da ULS), concluiu que, “além das melhorias assistenciais previstas e as vantagens objetivas para o cidadão e utente, sobretudo qualitativas, existe um mérito económico”.
Licínio de Carvalho realçou que “há vários investimentos e várias linhas de investimento que podem, naturalmente, ser também maximizados em função desta integração, porque há projetos que passam a ser comuns e que passam a beneficiar” os cuidados hospitalares e primários que neste momento existem de forma desagregada.
Quanto à forma como deverá ser gerida a criação da ULS, o documento assinalou que “a quantidade de projetos previstos, assim como as mudanças preconizadas para atingir a eficiência pretendida terão de ser alvo de uma gestão de programa estruturada e efetiva e que consiga estender de facto os seus benefícios a uma organização maior e mais integrada, assim como uma gestão de mudança focada nas pessoas” que na futura ULS “serão mais de 3.000 profissionais”.
No âmbito deste plano de negócios, a CIMRL e municípios remeteram contributos à direção executiva do SNS sobre algumas lacunas do documento, disse o 1.º secretário executivo da Comunidade Intermunicipal, Paulo Batista Santos.
LUSA/HN
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