Apesar do forte impacto no dia-a-dia dos doentes, a dirigente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI) garante que “com um tratamento adequado, exercício físico e uma alimentação saudável” é possível garantir a qualidade de vida dos doentes. E por considerar que apenas um sabe a pouco, a ADPI promove ao longo deste mês um conjunto de webinars dedicados às DII.
HealthNews (HN)- Quais são os principais sintomas destas doenças e por que razão o diagnóstico precoce é tão importante?
Ana Sampaio (AS)- Os principais sintomas das Doenças Inflamatórias do Intestino passam pela perda de peso, diarreia, dor abdominal, fadiga e febre. No caso da Colite Ulcerosa, os doentes podem apresentar fezes com sangue. Portanto, quando mais cedo for feito o diagnóstico menos grave será a doença no futuro. Tratar-se de uma patologia silenciosa e, muita vezes, a sua progressão é muito rápida. Daí ser tão importante atuar de forma precoce.
HN- As Doenças Inflamatórias do Intestino não têm idade, afetando cada vez mais jovens e adultos em idade ativa. Como é que estes doentes lidam com a doença?
AS- Numa fase inicial, estas pessoas têm alguma dificuldade em conseguir lidar bem com a patologia. Quando o diagnóstico é feito, os doentes apresentam muitos sintomas e, portanto, ficam a achar que ao ser uma doença crónica vão ter que viver o resto da vida com as queixas. É por isso que na nossa associação desconstruímos todos esses medos e os informamos de que com um tratamento adequado, exercício físico e uma alimentação saudável é possível ser feliz apesar de ter Doença de Crohn ou Colite Ulcerosa.
HN- De que forma estas doenças afetam o dia-a-dia dos doentes?
AS- Numa fase inicial, é preciso realizar muitas consultas e exames, levando a que o doente se tenha de ausentar do trabalho. Por outro lado, as DII também têm forte impacto na vida social. Quando os sintomas estão muito exacerbados, muitos doentes acabam por não ir a uma festa ou a um encontro familiar.
HN- São doenças com impacto psicológico e emocional bastante significativo…
AS- Sem dúvida. Muitos doentes sentem vergonha em falar sobre a sua condição.
É por isso que na nossa associação temos consultas de psicologia. Os nossos especialistas tentam sempre explicar que há momentos de crise, e que nesses períodos pode ser necessária alguma adaptação na vida social e laboral, mas que são momentos pontuais.
O facto de estas pessoas terem de ir muitas vezes a casa de banho pode ser um fator de stress. Muitos doentes quando vão a algum sítio a primeira coisa que querem saber é onde fica a cada de banho.
HN- A ADPI promove nos dias 9, 16, 23 e 30 de maio um conjunto de sessões online. Quais os assuntos que irão ser discutidos?
AS- A primeira sessão será sobre a doença na mulher, na fertilidade, no período da gravidez e na amamentação. Há muitas pessoas que estão sob tratamento e têm muitas dúvidas sobre se podem ou não amamentar. Desta forma, iremos contar com a presença de um especialista e de uma mãe.
A segunda sessão será dirigida ao surgimento da doença na idade pediátrica e nos jovens. Para tal, o webinar vai contar com o testemunho de uma jovem e com a participação de um pediatra e de uma psicóloga.
A terceira sessão sobre as DII no adulto. Nesta sessão iremos contar com a colaboração de uma enfermeira. Estes profissionais são muito importantes na gestão da doença. Muitos doentes fazem a medicação em hospitais de dia e quem lá esta é normalmente um enfermeiro e, pontanto, quem presta apoio.
O último webinar será dirigido para os doentes mais idosos, pois sabemos que há um segundo pico da doença por volta dos setenta anos. A sessão irá contar com a intervenção de um gastroenterologista, um nutricionista e de um associado.
Entrevista de Vaishaly Camões
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