Audições do inquérito sobre gestão da pandemia no Reino Unido começam terça-feira

11 de Junho 2023

Mais de dois anos depois de ter sido anunciado, o inquérito sobre a gestão da pandemia de covid-19 no Reino Unido vai realizar a primeira audição pública completa na terça-feira.

A sessão será aberta com uma declaração da presidente do inquérito, a antiga juíza Heather Hallett, seguida de um pequeno filme com testemunhos sobre o impacto da pandemia no quotidiano das pessoas.

O dia será igualmente ocupado com as declarações de abertura dos advogados envolvidos.

Ainda na terça-feira vão começar a ser interrogados especialistas, nomeadamente os epidemiologistas Jimmy Whitworth e Charlotte Hammer.

Responsáveis políticos e membros do Governo, antigos e atuais, só deverão ser escutados mais tarde.

O inquérito tem o seu canal na plataforma YouTube e as audições serão transmitidas em direto.

Divididas por seis módulos, as audições públicas só deverão terminar em 2026, com relatórios intercalares previstos a partir do próximo ano.

O inquérito vai examinar a preparação do Reino Unido para uma pandemia, a forma como o Governo respondeu e se o “nível de perda era inevitável ou se as coisas poderiam ter sido feitas melhor”.

Alguns aspetos controversos em análise deverão incluir as decisões para impor confinamentos, o custo para manter a economia e postos de trabalho, o programa de vacinação, a despesa com testes e equipamentos de proteção.

Mais de 200 000 pessoas morreram no Reino Unido depois de terem testado positivo à covid-19, um dos números mais elevados da Europa, e as decisões do Governo britânico então liderado pelo conservador Boris Johnson têm sido objeto de um debate.

O inquérito foi lançado no final de 2021 por Boris Johnson, após pressão de famílias das vítimas.

Além de testemunhos de funcionários públicos, especialistas de saúde, cientistas e figuras políticas, vão ser analisados centenas de milhares de documentos governamentais, incluindo correios eletrónicos e mensagens de telemóvel.

No início do mês, o Governo apresentou um recurso contra a ordem de Heather Hallett para entregar as mensagens na integralidade.

O executivo quer poder omitir parte do conteúdo antes de as entregar, alegando que algumas são pessoais e irrelevantes para o inquérito.

Entretanto, e em plena contagem decrescente para estas audições, o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson renunciou, na sexta-feira, ao cargo de deputado no parlamento britânico com efeito imediato, depois de ter sido informado de que seria sancionado por ter enganado o parlamento.

Johnson renunciou ao cargo depois de receber os resultados de um inquérito parlamentar sobre declarações enganosas que fez ao parlamento, quando afirmou repetidamente que todas as restrições sanitárias foram respeitadas em Downing Street durante a pandemia, um escândalo que ficou conhecido como ‘Partygate’, noticiou na sexta-feira a agência Associated Press (AP).

LUSA/HN

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