Especialista alerta que pessoas com paramiloidose na família devem procurar médico “ao mínimo sintoma”

16 de Junho 2023

Pessoas com casos de paramiloidose na família devem, “ao mínimo sintoma”, procurar um médico, porque os tratamentos são mais eficazes quando iniciados cedo, alertou esta sexta-feira a responsável pela Unidade Corino de Andrade (UCA), centro de referência localizado no Porto.

“Se as pessoas sabem que esta doença existe na família, não fujam dos médicos. Nós continuamos a receber muitos doentes que têm história familiar, alguns sabem que são portadores da mutação, e quando iniciam sintomas, tentam ‘fazer de conta’. Se a pessoa sentir qualquer coisa, tem que nos procurar”, apelou Teresa Coelho.

À Lusa, no Dia Nacional de Luta contra a Paramiloidose, a responsável pela UCA sublinhou que “os tratamentos disponíveis são muito mais eficazes se forem iniciados muito cedo”.

“E há muitas coisas que se estragam com o avançar desta doença, que não voltam para trás. Temos que batalhar a doença, o mais cedo possível. Quanto mais novos são os doentes, mais esta situação nos incomoda”, referiu.

A UCA é uma unidade do Centro Hospitalar Universitário de Santo António (CHUSA), centro de referência nacional para o tratamento da paramiloidose.

Tem o nome do médico que, pela primeira vez, descreveu esta doença, popularmente conhecida como “doença dos pezinhos”.

Corino de Andrade, professor catedrático e diretor do laboratório de biologia celular do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), descreveu a doença detetada pela primeira vez na Póvoa de Varzim em 1939.

“Continua a ser uma descrição brilhante que merece ser consultada, embora hoje tenhamos uma perspetiva diferente da doença”, disse Teresa Coelho, que está à frente da UCA desde 1990.

“Sabemos que há muita gente que a tem, ainda que tenha menos conhecimento de história familiar. Começam a doença muito mais tarde. É aquilo que nós chamamos o início tardio da doença”, descreveu a médica neurologista e neurofisiologista.

Os sintomas dos adultos jovens estão relacionados com a neurologia: perda de sensibilidade, peso, força e de controlo do funcionamento de alguns órgãos.

Nos doentes mais velhos, há um grande peso da doença cardíaca.

São sintomas comuns, e que merecem atenção, uma queimadura ou uma ferida que a pessoa não sabe como fez porque está a perder a sensibilidade à dor ou à temperatura.

Segundo Teresa Coelho, o número de doentes com paramiloidose tem evoluído.

“Não é incidência que está a aumentar, o número de novos casos não está a aumentar, mas o número de casos vivos está a aumentar, porque nós estamos a melhorar muito na sobrevida”, destacou.

A responsável estima que em Portugal se tenha ultrapassado recentemente os 2.000 doentes com paramiloidose.

LUSA/HN

1 Comment

  1. Susana Silva

    Boa tarde, totalmente de acordo… Mas é muito importante não esquecer os transplantados que com o passar dos anos a doença volta para fazer estragos… As convulsões, os pequenos AVC… Tudo isto é devastador e agressivo… Invistam nestes doentes também… O transplante sem dúvida foi uma tábua de salvação durante algum tempo, mas hoje esse tempo já é pouco para quem começa e ver tudo a andar para trás… Obrigada

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