Segundo Alexandra Rufino, do gabinete de Património da Santa Casa da Misericórdia (SCM) de Tavira, que tutela o edifício e o seu espólio, a instituição já tinha uma casa museu na igreja da Misericórdia e na Casa do Despacho, a antiga casa da administração da Misericórdia, passando a contar, agora, com este núcleo, que tem seis séculos de história na cidade.
Em declarações à Lusa, a responsável destacou que a casa museu e a igreja da Misericórdia já têm uma atividade cultural muito ativa, a nível de exposições de arte contemporânea, concertos e outros eventos, mas faltava valorizar uma outra igreja sob a tutela da Misericórdia, que é a Igreja de São José, pertencente ao antigo hospital do Espírito Santo da cidade.
A técnica do Gabinete de Património da SCM de Tavira disse que, neste contexto, foi decidido avançar para a valorização do espaço, “um edifício tão antigo” que foi “criado em 1425” por duas confrarias (a de São Brás e a do Espírito Santo), inicialmente como albergaria, mas que “depois passou a hospital da cidade, até aos princípios do século XXI”.
A musealização do espaço permite “valorizar esse edifício e o trabalho que lá foi feito durante todos estes séculos”, afirmou, sublinhando que o hospital “recebeu durante muito tempo os marítimos que vinham das expedições do norte de África” e “foi sempre ponto de chegada e de partida”, além de “acolher muitas pessoas que procuravam ajuda” na cidade.
A sua história e atividade permanecem “na memória dos tavirenses e na memória de alguns médicos que ainda estão vivos e trabalharam neste hospital, assim como algumas enfermeiras e algum pessoal administrativo”, contou, ainda, a técnica de património cultural.
“E foi com esse objetivo da valorização desta memória, e para mostrar a importância deste edifício, que surgiu esta ideia de criar um núcleo museológico associado ao hospital do Espírito Santo”, justificou Alexandra Rufino.
O material em exposição está ligado à história do edifício, apesar de haver uma “escassez de material grande” e de “muito espólio ter desaparecido”, depois de o edifício ter ficado ao abandono e fechado durante alguns anos, lamentou.
Alexandra Rufino disse que ainda há “muito espólio histórico que foi salvaguardado pela Misericórdia”, como um maço de pergaminhos do tempo da fundação do hospital.
Os visitantes poderão ver peças de arte como “placas que teriam nomes de enfermarias, algumas placas de beneméritos desse hospital ou algumas imagens que têm a ver com a igreja e com o hospital” ou objetos cirúrgicos, cedidos por outras instituições ou que estavam na posse de antigos profissionais ou famílias.
Segundo a responsável, a exposição surge após um trabalho realizado ao longo de três anos, contudo, há “longos períodos da história que ainda não estão estudados”, trabalho que é preciso aprofundar.
Para Alexandra Rufino, o novo núcleo museológico vai ajudar a sensibilizar para a “importância do edifício, para a história da saúde na cidade e para outras instituições que foram surgindo ao longo dos séculos na cidade ao nível de saúde”.
A inauguração está marcada para as 17:00, inserida nas comemorações do Dia da Cidade, e contará com a participação do provedor da SCM, Pedro Manuel do Nascimento, e da presidente da Câmara, Ana Paula Martins.
O espaço poderá ser visitado de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:00.
LUSA/HN
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