“Estamos seriamente preocupados com a continuação destes assassinatos indiscriminados e apelamos a uma ação imediata para lhes pôr termo”, sustenta o Alto Comissariado para os Direitos Humanos num comunicado.
Segundo refere, “as pessoas que fogem de El Geneina devem ter uma passagem segura garantida e as agências humanitárias devem ter acesso à área para recuperarem os restos mortais das vitimas”.
O alto comissariado baseia as suas informações em testemunhos de refugiados que fugiram de El Geneina e da região para o vizinho Chade.
De acordo com “estas informações coincidentes”, os homens da tribo Masalit são particularmente visados.
“Das 16 pessoas que pudemos entrevistar até o momento, 14 afirmaram ter testemunhado execuções sumárias e ataques a grupos de civis na estrada entre El Geneina e a fronteira – sejam tiros à queima-roupa contra pessoas a quem foi ordenado que se deitassem no chão ou tiroteios contra a multidão”, relata o alto comissariado.
Os depoimentos referem-se a assassinatos ocorridos nos dias 15 e 16 de junho, mas também na semana passada.
De acordo com um balanço feito pela ONU no início desta semana, 1.100 pessoas foram mortas apenas na cidade de El Geneina.
“Percebemos que os assassinatos e outras formas de violência continuam e são acompanhados por um persistente discurso de ódio contra a comunidade Masalit, incluindo apelos para os matar e expulsar do Sudão”, refere.
O Alto Comissariado para os Direitos Humanos exorta os dirigentes da organização paramilitar RSF a “condenarem imediata e inequivocamente e impedirem o assassinato de pessoas que fogem de El Geneina, bem como outras violências e discursos de ódio que lhes são dirigidos, com base na sua etnia”, e exige que os responsáveis pelos assassinatos e por outras formas de violência sejam responsabilizados.
Considerando que El Geneina se tornou inabitável, com infraestruturas essenciais destruídas e a entrega de ajuda humanitária ainda bloqueada, o alto comissariado pede “o estabelecimento imediato de um corredor humanitário entre o Chade e El Geneina e uma passagem segura para os civis fora das áreas afetadas pelas hostilidades”.
Os confrontos no Sudão, país do leste africano que está entre os mais pobres do mundo, eclodiram a 15 de abril e opõem o exército, comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, e as RSF, do general Mohamed Hamdane Daglo.
O Darfur, uma região no oeste do Sudão, tem sido particularmente atingido por atos violentos, tendo já sido palco de atrocidades nos anos 2000.
LUSA/HN
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