Esta semana, na cerimónia de graduação, na faculdade que os formou desde 2019 – a Nova Medical School –, cinco grupos de finalistas defenderam as suas ideias perante um júri constituído pela diretora, Helena Canhão, e o painel da mesa-redonda “NOVA era da saúde: desafios e oportunidades”, moderada pelo apresentador de televisão Luís Sousa: Laurinda Alves, autora e professora na NOVA SBE, Luís Pisco, médico de família e presidente do conselho diretivo da ARSLVT, e Pedro Pita Barros, professor da Universidade Nova de Lisboa.
“Para colmatar as falhas que existem na prestação de cuidados de saúde pré e pós-natal”, surge a proposta vencedora: “um programa 1111 dias, um programa de nutrição comunitária, idealizado para ser aplicado nos cuidados de saúde primários, mas que é facilmente adaptável a outras realidades e a outros cenários. Pretendemos acompanhar mulheres em idade fértil, desde o planeamento da gravidez até aos dois primeiros anos de vida da criança”, explicaram Inês Timóteo , Ana Sofia Gaspar e Matilde Silva. Principais pilares do programa? O aumento da literacia em saúde, a promoção da educação nutricional e alimentar e o fornecimento de estratégias para a mudança de comportamento.
A evidência científica diz que “esta é uma janela de oportunidade única, em que não só temos as futuras mães muito predispostas e motivadas para a mudança, como temos também um potencial benéfico que podemos garantir para as próximas gerações”. As alunas defendem mesmo que a chegada de um filho é “o motivo mais forte” para querer ser mais saudável.
Inês, Ana Sofia e Matilde frisaram que, em Portugal, quatro em cada dez com mais de 15 anos desenvolvem doenças crónicas não transmissíveis, 8,8% das grávidas desenvolvem diabetes gestacional e uma em cada três crianças tem excesso de peso. Em Lisboa e Vale do Tejo, mais de 60% da população e 53,8% das mulheres têm excesso de peso. Com um rácio nutricionista-utente “manifestamente insuficiente no SNS”, lamentam as alunas, “torna-se impossível uma intervenção individualizada” no combate à obesidade.
“E se a primeira falha é a incapacidade de resposta do SNS face à crescente prevalência de obesidade e de todas as comorbilidades associadas, a segunda é a falta de investimento na prevenção – que representa apenas 1% do PIB.”
Para o grupo vencedor, “a responsabilidade desta mudança de paradigma não é apenas do Estado”. “Cada instituição, seja ela pública ou privada, tem o dever moral” e “a oportunidade de conseguir garantir programas completos de saúde com atuação multidisciplinar”. “Porquê andar a correr atrás do prejuízo se podemos agir a montante?”
Na cerimónia, a diretora da Nova Medical School e a coordenadora da licenciatura de Ciências da Nutrição, Conceição Calhau, deram igualmente ênfase, nos seus discursos, à promoção da saúde e prevenção da doença. Os ex-alunos, “defensores de estilos de vida mais saudáveis”, serão seus guardiões, disse Helena Canhão.
HN/RA
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